C'est Paris que j'aime le plus!

Foto e ilustração: Paula Ligo

Pedi um desenho da minha amiga Paula Ligo para ilustrar este texto (Vi e me apaixonei, merci!), uma das ilustradoras mais incríveis que conheço (o trabalho com comunicação me permitiu a convivência com esse talentoso povo das artes, do designer, dos traçados).

Eu também queria ter o dom de pintar Paris, mas o máximo que sei é rabiscar algumas palavras e, como elas nunca são suficientes, fico com a abstração em meus pensamentos, indizíveis, emoldurando uma Paris que é só minha, amada com todo o fervor.

Que artista!!!

Desde que descobri a magia de desbravar lugares, todos eles me chamam. A Noruega foi especial por ter sido a primeira fronteira distante vencida, como se algo mais forte tivesse me levado até lá – quem sabe a possível origem escandinava do nome Érika. Eu ainda nem sabia que os fiordes cantavam Morning Mood e formavam desenhos à la Van Gogh.

Do Brasil, eu gosto especialmente da minha cidade, simplesmente porque é a minha, gosto das praias, embora conheça menos do que gostaria, amei Natal, e tenho um xodó especial por Campos do Jordão, onde não me canso de voltar. Gosto da urbanidade de São Paulo e de Campinas. Da América do Sul, já dei um pulo em Buenos Aires e um outro no Chile, que tem muito mais do que as Cordilheiras, mas só por elas já valeria a pena. Da Europa, além da Noruega, um pouco de Londres, Paris, Munique, Berlim, Amsterdam, Lisboa, Porto, uma pitadinha de Bruxelas e uma dose de belas cidades italianas (a Itália merecerá atenção especial em capítulos futuros). Bem pouco perto de tudo que há no mundo.

Tanto a dizer. Tanta vontade de escrever. (Em contrapartida, tanto trabalho me esperando, rs). Sempre haverá a vontade de ir a novos lugares e, inevitavelmente, será pouco o tempo de uma vida. E sempre haverá a vontade de retornar a Paris.

Por que Paris? Pourquoi? Começa a vir a vontade de escrever em francês, mas este texto é para traduzir uma paixão DE BRASILEIRA por Paris. Entre as pessoas que mais amaram o Brasil, muitas delas saíram dele e voltaram para ressignificar.  (Não é, Tarsila? )

Sempre gostei de idiomas, a começar pelo português, e a língua francesa, com a qual só me encontrei mais tarde, tem para mim um charme intraduzível em qualquer outro idioma. Não sei se é o jeitinho, o s’il vous plaît, o miaúúúú dos gatinhos de lá, o oxitonismo. Só sei que, mesmo quando eles não têm razão ou eu não entendo tudo, mas dizem “mi-mi-mi-mi s’il vous plaît”, eu me derreto. (Dessa vez, porém, voltei bem feliz, pois, com a ajuda do professeur Jean-Viktor e do Caillou en français, j’ai compris et j’ai parlé bien plus que “mi-mi-mi”).

Se não me encantei pelos outros lugares a que fui??? Dê só uma olhada nos posts todos deste blog e encontre a resposta. É que Paris é Paris. É que Paris é ma Paris. Paris tem o meu “je ne sais quoi”. O je ne sais quoi de moi.

Amo tanto Paris que fico bravinha quando alguém escreve "Parri". Bravinha com biquinho. Em francês, se escreve "Paris". Pronuncia-se diferente porque língua é assim, diferente na fala e na escrita. 

Eu sei que uma vida de parisiense nem é só puro glamour (só que tb é...). Sei que morar lá pode significar um mini-mini studio com muitas escadas a subir e panelas a lavar. Mas também se pode caminhar à beira do Sena, que a cada momento é de uma cor, e, andando para lá ou para cá, deparar-se com aquela imagem da Tour Eiffel que te escancara l’air de rien: VOCÊ ESTÁ EM PARIS!!!

E está tão pertinho dos jardins de Monet, quadros ao vivo.

Sei também que eleger Paris como "o meu lugar especial" pode parecer o maior clichezão. A obra de arte de quem só conhece a Monalisa; o cara que só leu um livro de um autor e o cita como obra preferida, o vinho que é bom só porque é caro; o disco que é perfeito só porque é do Chico. Tô nem aí. Amo Paris! E gosto da Monalisa, de livros dos quais esqueço o nome, de vinho suave (e não dos secos, que são mais chiques) e do Chico de Holanda.

Eu nem sei bem o que quero de Paris, se morar lá por um tempo para estudar - se já deveria ter feito ou se nunca é tarde - se simplesmente visitá-la, sempre que puder. Queria dar a um filho a oportunidade de uma creche francesa (Li Pamela Druckerman e acredito nela). Sei também que lá eu não sou inteira - como não sou também aqui - porque sinto falta do pedaço de Brasil que é meu, de muita gente, de um cantinho pessoal que singelamente moldei e não poderia levar todo comigo (cantinho este que tem um quê de loja de souvenir parisiense MDR*...).

Eu sei que os parisienses, como os europeus em geral, fumam demais, o que me faz me sentir muito melhor no Brasil neste quesito saúde-cheirinho (mas não acho que seja questão de consciência no Brasil, é só uma boa lei). Da mesma forma que a gente reclama da política, os franceses também reclamam da sua. Reclamam fumando. E, mon Dieu, eles guilhotinaram a Maria Antonieta e agora vendem delicados souvenirs da rainha mais lembrada de toda a história!!!!!! Ainda tiveram o obcecado Napoleão Bonaparte. Louco ou não esse povo?  Deve ser a contradição que me fascina.

Monet. Manet. Renoir. Beauvoir. Rodin. Edith Piaf. Coco Chanel. Deneuve. Etc.

Eu disse que, em Paris, meu coração sonha e canta e dança e sorri de uma maneira especial. E também chora, nem que for de poesia, só que eu costuro a história como se não houvesse lágrimas e assim faço porque meu mundo é encantado. E infinito em suas mal rimadas métricas.

Em Paris, sou Madame "De Moraes". Ou, quando não sabem do meu status de casada, mademoiselle - o que uma francesa poderia considerar desrespeitoso, mas, para uma brasileirinha, soa ainda mais charmoso e me faz sentir-me a jovenzinha parisiense!!! Que ainda me confundam com mademoiselle por muitos mais anos!!! hehehe Mas aceito ser madame, casada com Paris.

E em Paris, eu posso usar boina!!!! (aqui também, SQN). E os croissants de lá não têm igual!
(Ronaldo acaba de sugerir que preciso urgentemente fazer amizade com uma aeromoça da Air France para que me traga croissants semanalmente! Alguém conhece alguma???)

Moi là... sur la Pont Alexandre III

No meu mundo de conto de fadas, não tem um oceano entre o Brasil e a França, meu coração pintou estas duas nações de vermelho, azul, verde e amarelo em um só mosaico. Não tem como explicar no papel porque eu não sei desenhar. É que, em Paris, minha cabeça, internamente, tem esse dom de pintar.

A segunda vez em Paris foi despretensiosa. Não havia a vontade de correr para conhecer todos os lugares possíveis como da primeira vez. Rememoramos as lembranças mais especiais, descobrimos novos cantinhos. A prioridade era passar mais tempo em menos lugares, com mais calma, mais intensidade, mais reflexão. Tudo que vi, ainda mais SENTI.

“não tenho pra onde ir, mas não quero ficar”

*MDR: mort de rire (morto de rir!)


A SEGUIR CENAS...
E, de tanto treinar para viajar, fui aprimorando, também, a arte de arrumar mala, pensando em looks parisienses, rsrs. Como o Liquimix já tem uma narrativa mais tradicional de Paris, sobre nossa primeira viagem de 2012, desta vez, vou contar um pouco de meus passeios através dos estilinhos que fui inventando. Vou unir aqui os dois temas: moda e viagem. Então, se estiver a fim de viajar pela minha “modinha à francesa”, espia aqui nas próximas semanas a minha série de "7 looks e 7 cenários parisienses". Um jeitinho de resumir tudo aquilo que não conseguirei narrar detalhadamente.

Sempre à disposição dos amigos interessados em dicas para montar roteiros (e malas, rs).


Quer saber mais sobre as cidades/países por onde andei? Clique nas TAGS ou MARCADORES do Liquimix.


Texto: Érika de Moraes
Fotos e ilustração (1 e 2): Paula Ligo
Foto 3: arquivo pessoal de Érika & Ronaldo

Comentários

  1. Eu confesso que seu texto, encantador, trouxe-me de volta uma certa atração rebelde por Paris. Será...?

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