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Mostrando postagens de janeiro, 2016

CRÔNICA - Como explicar pro Fernandinho?

Mais uma crônica para encarar preconceitos. Texto da estudante Amanda Casagrande (Jornalismo, Unesp) Como explicar pro Fernandinho? por Amanda Casagrande Mela         Um homem, uma mulher e o filho. Era a tradicional família brasileira do século XXI. Os pais andavam preocupados em como explicar a situação pro filho de 8 anos. Nessa idade, a mentalidade ainda estava se formando e eles estavam  com medo que a notícia confundisse ou influenciasse o menino Fernando. Tão criança, não sabia nada da vida ainda, coitadinho. Precisava aprender a lidar com a situação.      A mãe ficou indignada ao saber que sua irmã aceitou numa boa. Ela, por sua vez, levou dias pra digerir a situação e até relutou bastante diante da "escolha" do sobrinho. O pai de Fernandinho ficou pasmo no início, mas depois comentou com a mulher: "eu sempre soube que uma hora isso ia acontecer, o seu sobrinho sempre teve jeito pra essas coisas".      Depois de algumas noites mal dormidas, o

CRÔNICA - O desfile das divas

Produção do meu aluno Wesley Anjos (Jornalismo, Unesp) Um texto para enfrentar preconceitos! profa. Érika O desfile das divas por Wesley Anjos Todo final de ano era assim: as famílias reunidas na praia e a Zezé se metendo a falar do tal do feminismo. Lourdinha sempre torcia o nariz com desdém. Dessa vez, com cara de quem comeu e não gostou nadinha, pôs-se logo a argumentar:  “Credo! Deus que me livre dessa pouca vergonha. Outro dia vi uma tal Marcha das Vadias. Se elas gostam de se aparecer como vadias, por que não gostam de ser tratadas como tal? Safadeza, isso sim!”. -   Você reproduz o discurso que eles querem que reproduzamos, sem ao menos perceber. -    Muito pelo contrário. Aprendi com a minha mãe, que aprendeu com a minha avó. -    Que assim como você reproduziram sem reclamar o que os machistas queriam! Sônia tratou logo de falar da beleza da praia. Queria era evitar que a discussão se estendesse. Todo ano era igual. Para que discutir? Para que arrumar mais

CRÔNICA - A morte e a letra "M"

A estudante Isabela Holl (Jornalismo, Unesp) escreve sobre o tempo, sobre a vida... A morte e a letra “M”  por Isabela Holl       João tinha 6 anos quando tirou a roupa, abriu a porta do box e ligou o chuveiro. Assim que a água tocou o seu corpo, seu coração disparou, sua respiração ficou mais rápida e, naquele momento, tomou consciência de uma coisa: um dia ele iria morrer.       Talvez você, leitor, já tenha experimentado esta sensação única e difícil de descrever. É quando seu organismo, seu cérebro e seu coração percebem que são efêmeros. O pânico se espalha aos poucos; célula por célula. É normal ter pensamentos como “Isso não é justo!”, “ Isso não pode ser verdade!” ou “Por que, Deus?”.       E, para piorar ainda mais, temos o Senhor Tempo. Ele não costuma ajudar, pois ele tem a mania de passar rápido demais. Atualmente, um estranho fenômeno acontece: o Tempo parece realmente ter perdido a paciência. Não se sabe muito bem o motivo, mas ele está correndo cada vez ma

CRÔNICA - O ano em que avistamos uma nova primavera

Crônica politizada da minha aluna Gabriella Soares dos Santos (Jornalismo / Unesp) sobre o louco ano de 2015. Profa. Érika O ano em que avistamos uma nova primavera por Gabriella Soares dos Santos  Analisando as principais manchetes dos jornais de 2015, consigo observar que esse foi um ano dramático e que ficará marcado para todos, seja pelos seus momentos positivos, seja pelos negativos. Nesse sentido – e admito de início: assumo aqui uma postura positiva –, é impossível não perceber que esse ano significou um marco para os mais diversos movimentos e as mais diversas causas ao redor do mundo. Vimos atentados terroristas abalarem os pilares da democracia ocidental ao mesmo tempo em que testemunhamos o maior movimento migratório desde a Segunda Guerra Mundial com suas trágicas consequências. Vimos a corrupção em sua forma mais clara, junto com o mar de lama que dela se originou, destruir fauna, flora e vidas. Observamos e sofremos com a violência policial, que, de tão fre

CRÔNICA - Uma foto para registrar Chá Líquido

Já visitei algumas cidades imaginárias. Com a aluna Karina , conheci Chá Líquido. Espiei-a pela janela do trem e voltei para cá. Afinal, amanhã tenho aulas com esses alunos criativos! Profa. Érika Uma foto para registrar Chá Líquido por Karina Francisco Era dezembro na cidade de Chá Líquido, Ana estava caminhando pelas ruas a apreciar e fotografar os enfeites natalinos. Ela ainda não se adaptara totalmente à nova cidade, em que todos estavam sempre correndo, em busca do que comprar, do que consumir, do que fazer para ganhar dinheiro, fugindo de compromissos profundos demais. Era muito frio se comparado a Ferra Maciço, onde nascera. Mas ela tinha sua câmera, e com ela ficava horas registrando seus pensamentos e sentimentos. Ana continuou seu caminho, seu namorado estava atrasado como sempre, parecia nunca se importar com horários, compromissos ou qualquer assunto que demorasse muito a acabar. Ana não ligava, achava engraçada essa aversão de seu namorado em se apegar a

CRÔNICA - Surpresa de Ano Novo

Surpresa de Ano Novo por  Lívia Reginato      Todo ano já sei que aquele momento está chegando, começo a pressentir pelo cheiro de panetone no ar, quando sinto o primeiro aroma de frutas secas, já vou me preparando psicologicamente...      Chega parente de todo canto, a casa fica cheia, tem gente para brincar comigo e matar a saudade em todos os cômodos, é uma alegria só! Sempre fico feliz quando lembram de mim e ganho algum mimo. Corro de um lado para outro tentando dar atenção a todos, mas é uma tarefa difícil.      Peixe assado, salada de lentilha, pernil, bacalhau, torta de romã, outros cheiros vão me animando ao passar dos dias. Às vezes, vou tentar pegar alguma bolinha da árvore de natal, mas tem sempre alguém para me tirar de perto de lá, acabo deixando para depois. Se eu der sorte, consigo pegar um pedaço grande de pernil, é só esperar com cautela, ficar no lugar certo, olhar com jeitinho para a pessoa certa e pronto: sempre funciona.     Mas quando chega a no

CRÔNICA - Almas dançantes

Hoje, a crônica é da estudante Giovana Murça Pastori (Jornalismo, Unesp), uma reflexão poética sobre a vida e o cantar dos pássaros. Boa leitura! Profa. Érika Almas dançantes por  Giovana Murça Pastori        São 6 horas da tarde. Pela rua movimentada passam veículos barulhentos e a fumaça cinza anuncia o horário do rush. Um ônibus sobe a rua do cemitério e, dentro dele, muitas pessoas se espremem a fim de somente voltar para casa ao final de mais um dia cansativo de trabalho. As pessoas vão com semblantes fechados, cansados e sérios, a maioria infeliz, descontente com tudo a sua volta e com sua vida. O ônibus passa pelo cemitério e aquelas pessoas lembram-se de seus parentes falecidos, lembram que a vida é curta, e que aquele é o destino de todos: a morte. Mas somente lembram, passam e esquecem.  Enquanto isso, dentro do cemitério, quanta ironia, um bando de passarinhos voa sem parar, de um lado para o outro, por cima das sepulturas, brincam com toda tristeza, mela

CRÔNICA - À labuta, filhos da escola

A crônica da estudante  Beatriz Milanez  (Jornalismo, Unesp) me fez lembrar de uma canção do Balão Mágico, lá da infância, que dizia assim: Amigo, companheiro de colégio, hoje eu canto de alegria por de novo te encontrar. Nas férias, eu brincava todo dia, mas no fundo o que eu queria era mesmo estar aqui... Vamos ler? Nos próximos dias, tem mais. Profa. Érika À labuta, filhos da escola por Beatriz Milanez       Não foram poucas as vezes que ouvi aquele clichê: “passar no vestibular é fácil, o difícil mesmo é sair da faculdade”. É de se confessar que custei a acreditar, e só fui me dar conta de que era a verdade assim que o despertador tocou pela terceira vez, quando cansei de apertar o botão “soneca”. Os cinco minutinhos a mais tinham se transformado em quase quinze. Só quinze. Ainda com a voz embargada e a cara amassada, tentei contar quantos dias ainda faltavam pro final. Tentativa falha, claro. O sono era demais.       No começo, as coisas são mais fáceis. Até mesm

CRÔNICA - Filhos da Pátria

Meus alunos do curso de Jornalismo (Unesp) produziram belas crônicas para a aula de Técnica Redacional II, cada um com seu lirismo e estilo. Pedi autorização deles para divulgar aqui no blog e, assim, guardá-las também como lembrança. Vamos começar com a da estudante Amanda de Assis Araújo , que deu voz ao nosso Pai-Filho-País. Profa. Érika PS: outras turmas também produziram ótimos textos. Agora, veio a ideia de mostrar por aqui, em vez de guardar para "algum dia montar um livro". Filhos da Pátria por Amanda de Assis Araújo Cada dia vivo com inúmeros problemas de saúde: sejam eles econômicos, sociais ou políticos e, infelizmente, sempre preciso de outras pessoas para resolvê-los por mim. Atualmente, meu maior problema está na área da política, porque sofro com corrupção, desvio de verbas, falta de governabilidade e as pessoas escolhidas para resolverem esses problemas para mim não estão dando conta. Uma delas tem o título de Presidente da República Federativa do