tag:blogger.com,1999:blog-75801427427857770812024-02-04T04:32:01.699-03:00Liquimix | por Érika de Moraes* Convido você a viajar pelas tags "Linguagem", Literatura, Livros... * Navegue também pela tag "Viagem", na qual compartilho aventuras de minha alma viajante e ansiosa por aprendizado de vida.Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.comBlogger259125tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-36963945074938991512022-01-10T18:27:00.001-03:002022-01-10T18:34:09.828-03:00Não olhe para cima! (ou olhe, sim!!!) <p>Don’t look up!
(Não olhe para cima!)</p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">Eu até
demorei um pouquinho para ver o filme (os amigos já estavam comentando),
repleto de figurões vencedores do Oscar: Leonardo DiCaprio, Meryl Streep, Cate
Blanchett, Jennifer Lawrence e mais.</p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">O filme é uma
<b>sátira a presidentes estadunidenses</b>, Trump em especial, e nele também
reconhecemos nossas mazelas. O tema é dos mais atuais: <b>o
negacionismo científico com matizes de espetacularização política. </b><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">Sem falar
muito sobre o enredo (que já tem bastante conteúdo na Internet), chamaram-me atenção
alguns pontos em especial, pelo olhar da Psicanálise, que tem me acompanhado nos
estudos como analista de discurso. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">A personagem
da estudante <b>Kate Dibiasky (Lawrence)</b>, tachada de nervosa, inapropriada ou bipolar, é quem
mais demonstra lucidez. É ela quem chama atenção da mídia espetacularizada
sobre <b>“nem todo assunto dever ser tratado com leveza”</b>. O debate entre real e
simbólico é antigo nas mais diversas teorias, de modo que, às vezes, é
necessário, apenas, olhar e ver. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">O cientista
<b>Dr. Randall Mindy (DiCaprio)</b>, em profundo ostracismo até a descoberta do Cometa
pela estudante, luta por manter-se ético, porém, enquadrado por medicamentos “normalizantes”
para “suportar a vida”, escorrega, tentando enxergar alguma razão onde não há. Parece ser a
estudante, sem óculos embaçantes, elemento-chave para trazê-lo de volta “à luz”.
Ela que era um vir-a-ser, caracterizada como “candidata ao doutorado”. Vir-a-ser que será a todos negado. <o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhD9O5l3vNbn6QR0WJemJ46V-fEgPrKMvDyHsp3Zgmo04DqQqD9U0EKOhFtf0_9Uh3--QF35ADwKSjcJRtGOb1-nKIm1Tiuz-FUbKXLGAsDxLkg0cuqPCZ7AnZayitsCns40QHF55oKsqO2iiVnNAXGfDFCQNhchAqA3yE_ZTvPiOjQVBX6KJ-k-NL7=s1400" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="788" data-original-width="1400" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhD9O5l3vNbn6QR0WJemJ46V-fEgPrKMvDyHsp3Zgmo04DqQqD9U0EKOhFtf0_9Uh3--QF35ADwKSjcJRtGOb1-nKIm1Tiuz-FUbKXLGAsDxLkg0cuqPCZ7AnZayitsCns40QHF55oKsqO2iiVnNAXGfDFCQNhchAqA3yE_ZTvPiOjQVBX6KJ-k-NL7=s320" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b>Informação "com leveza". Tudo bem, só tem um enorme cometa em rota de colisão com a Terra</b></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">O filme é bem
caricato, ainda assim, há quem possa não entender sua mensagem. “Será que
existe mesmo um cometa” poderia ser substituído por “será que existe mesmo um vírus?”.
O filme já estava sendo produzido antes da pandemia, de modo que os autores, ao
perceberem as semelhanças, puderam incorporar alguns fatos e diálogos. Na
narrativa hollywoodiana, enquanto os negacionistas berravam aos quatro ventos <b>“Não
olhe para cima!”</b>, o grande cometa estava vindo de encontro à
Terra. Mesmo quando já era visto como uma “estrela” a olho nu, dizia-se que “olhar
para cima era ser marxista”. Quase literal. <b>“Vai ver nem tem cometa.” </b>Como se
diz nos quadrinhos... Cabrum!<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">A própria
ciência não é retratada como “dona da verdade”, mas necessária. Eis a questão:
a ciência não é necessariamente confortante, não é “jornalismo light”, não é
Pai de todos. Ela é a busca do “entendimento possível”, ressaltados seus procedimentos
e métodos (análise empírica, avaliação por pares...). Por isso, a ciência não é a primeira a ser amada.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">Amei muito a
<b>sátira aos algoritmos</b>, esses, sim, acreditando “saber tudo” (nesse aspecto,
anticientíficos), medições de sentimentos criadas por quem não os tem.
Capitalismo, telefonia celular, vários outros elementos envolvidos. <b>Note a
previsão sobre “a morte do cientista”.</b> “Os números não mentem”. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">No fim, os
safados escapam. Só que não. <o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj4YcbZYF4Fn9cpF20_CAwumpA72rebcAGonv0ojvEXCRsf92ds6dV1as2kedNY6Iky6FX2LgKBnMN3Xyo99yTGGEEOGy3qte_t77Bm58ZsB7rtPw939u7bQ1cmVeT7Bq_0DtrGWQ6oC9K30HCdH0_Jpd6bpXilZXL6EH8C0EWJM9dqhR97151X1-rH=s1400" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="788" data-original-width="1400" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj4YcbZYF4Fn9cpF20_CAwumpA72rebcAGonv0ojvEXCRsf92ds6dV1as2kedNY6Iky6FX2LgKBnMN3Xyo99yTGGEEOGy3qte_t77Bm58ZsB7rtPw939u7bQ1cmVeT7Bq_0DtrGWQ6oC9K30HCdH0_Jpd6bpXilZXL6EH8C0EWJM9dqhR97151X1-rH=s320" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b>Supermercado. A normalidade que se pode ter</b></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;"><b>Don’t look Up. EUA, 2021. Direção: Adam
McKay Distribuição:
Netflix</b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;"><b>Imagens: Divulgação. </b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;"><b><br /></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">Resenha por: </p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;"><b>Érika de Moraes</b>, Dra. em Linguística, analista de Discurso</p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">Instagram: @erikapoetika </p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;"><o:p></o:p></p><br /><p></p>Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-68253411678731446032020-05-12T19:00:00.000-03:002020-05-14T11:23:26.637-03:00Linkando as coisas: Fonética, Fonologia, Sociolinguística, Comunicação...<br />
<div class="MsoNormal">
Talvez os capítulos de Fonética e Fonologia sejam dos mais
desafiadores, mesmo para estudantes de Letras e Linguística. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quem se depara pela primeira vez
com símbolos fonéticos pode sentir um ‘travamento’ do tipo ‘isso parece
matemática’ (<i>Obs.</i> Eu,
particularmente, gostava da matemática, mesmo escolhendo Humanas, mas deixemos
isso para outra conversa. Latim é puro raciocínio. Que bacana seria se o ensino
tivesse mantido noções de latim, como minha mãe teve, mesmo tendo conseguido
estudar apenas até o fundamental).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
Vencida essa primeira barreira, um conhecimento, mesmo que
básico, de leitura fonética pode trazer várias contribuições, entre as quais: habilidade em consultas em dicionários sobre pronúncia de palavras; conhecimento histórico
sobre as línguas etc. Além desses benefícios práticos, há uma questão mais
fundamentadora e relevante:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Conhecer a profundidade e complexidade das diversas
vertentes da Linguística é um caminho preciso para se combater o preconceito
linguístico. Não meramente por empatia ou por respeitar a falta de acesso do
outro a uma cultura letrada (e esses já seriam bons motivos), mas por compreender que, mesmo variações que ‘parecem
erradas’ têm razões científicas que as justificam, ainda que ‘não gostemos’ (E
por que não gostaríamos? Porque, de certa forma, parecem não representar a ‘nossa’
classe social, o ‘nosso’ tempo histórico, os limites de nossos muros, enfim...
Mas procura-se uma razão supostamente linguística: “é feio”. A língua, em si, dificilmente é
feia ou bonita. Ela é o que é. Mas é sentida diferentemente em nossos ouvidos,
esses sim culturalmente moldados). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Um exemplo, bastante citado pelo Bagno, é a influência da
vogal “i” no fonema correspondente à letra “t”, dental como em “tatu”, que se
transforma no som fricativo alveolar, como em titia. Responsável por isso é a
presença da vogal alta [i] posterior. Na palavra “oito”, também há uma vogal
alta [i], só que anterior à letra “t”, o que leva, intuitivamente, falantes de
algumas regiões a pronunciarem algo como “otcho”. Não há razão científica para
considerar que seja uma pronúncia “menos justificável”, apenas não é
convencionada como a pronúncia padrão da língua portuguesa ‘oficial’. (ver p.
153 do texto de Angel Corbera Mori)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E quando a ‘Creusa’ pronuncia
‘crasse’ em vez de ‘classe’ está intuitivamente fazendo o que as línguas já fizeram
em processos históricos que transformaram palavras do Latim como “Sclavu” em
“escravo”. Aliás, também preenchemos essa ‘vogal ausente’ do “S Mudo”, porque
nosso aparelho vocal busca um conforto maior do que aquele permitido pela
pronúncia de uma consoante sozinha. Processos históricos, muitos deles pautados
na “lei do menor esforço”, traçaram o caminho de Vossa Mercê a Você, passando
por Vosmecê. Apenas processos históricos, embora teimosos que somos
(arrogantes, talvez) acreditemos que a forma melhor é a do nosso tempo.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se quiséssemos fazer uma comparação entre mundo real e
oficial, poderíamos, talvez, pensar nos índices de inflação. Atualmente, há uma
inflação baixa, medida por gráficos e tabelas. Há outra, expressa no preço do
feijão das prateleiras. Você pode ‘querer’ acreditar no gráfico oficial
impresso no jornal, mas ele não vai pagar o seu feijão. É a vida real, dura e
sem muros. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se não somos foneticistas ou fonólogos, não precisamos necessariamente
saber de cor os nomes de todos os fonemas, de acordo com seus pontos de
articulação. Entender a ‘atuação’ deles pode ser de grande valia em situações
específicas, como diferenciar um caso grave de dislexia de uma ‘simples’ troca
de fonemas equivalentes como p/b; f/v. Bem, não tão ‘simples’ assim, mas algo que
se pode identificar, facilitando o aprendizado de uma língua materna ou
estrangeira. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ah, as cartilhas... todas elas
baseadas nos métodos silábicos que, convenhamos, funcionam em boa medida. Até
que aparecem as diferentes formas de representar, na escrita gráfica, o fonema [z], por exemplo. Pode ser com a letra z, s, x... Embora existam gramáticos que
tentem traçar alguma lógica, a forma mais produtiva de apreensão é o contato
direto com a escrita e a leitura. E, quando necessário, uma boa consulta aos
dicionários.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Apesar das aparentes
dificuldades, mesmo uma criança consegue entender algumas noções básicas de
fonética (não precisam decorar nomes, por favor). Gosto de dar o exemplo, por
ser didático, sobre o porquê de “m vir antes de p e b”. São os três sons
bilabiais de nossa língua, enquanto o “n” (alveolar ou linguodental) “dá a
mãozinha para as outras letras”. Claro que desconfiei que essa história de o
“m” dar a mãozinha só para duas outras letrinhas era um conto de fadas (em
termos técnicos, uma explicação aleatória), mas, vejam que bacana, há uma
explicação científica que até mesmo uma criança em fase de alfabetização pode
compreender: “Veja, Enzo, como mexemos os lábios ao falar esses sons” (como os
dois novos sobrinhos estão para chegar, o exemplo fica em homenagem ao meu
primogênito). As crianças são mais inteligentes do que pensamos, acreditem!
(Outra digressão: meu trabalho de mestrado foi um estudo sobre jornalismo
voltado para crianças).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
Falando em crianças, também gosto de ressaltar o quanto são
inteligentes quando dizem “eu fazi”. Fazem um raciocínio lógico por conta
própria: eu parto, eu parti... eu como, eu comi... eu corro, eu corri... eu
faço, eu fazi... Ensinamos, então, a exceção: eu fiz. Basta ensinar com carinho
e fica tudo bem. <b>Spoiler do tópico Sintaxe</b>: “eu fazi” é um exemplo genuíno de
gramática espontânea da língua. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Quem nos dera, desde a infância, tivéssemos contato ao menos com
a fonética de todas as línguas. Assim, não teríamos dificuldade de pronunciar sons
que nos são estranhos, que, depois de adultos, já não entendemos mais como “moldar”
a sua articulação. Americano sofre com nossos sons nasais. E nós sofremos com
muitos outros. Professores de língua estrangeira, por sua vez, buscam
estratégias para que falantes aprendam sons que não existem em sua própria
língua materna, como o “i com boca de u” da palavra “menu”, em francês. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há também algumas ideias da psicofonética em jogo (teoria de
Sapir), embora tenha prevalecido a concepção do fonema como “um conceito
linguístico e não psicológico” (Mori, p. 152). Para “brincar” um pouco com a
teoria de Sapir, vejam o filme “A Chegada”. Alguns linguistas gostaram, outros
nem tanto... mas ao menos houve um toque de ciência linguística na produção
cinematográfica. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3qDrIZ3v2zsw-Zxyp9d9VHCNlOyQMq6nNWyLlwNz9UdFphtoyP-amVdt3aJj5urpWM8mImsBdHuqbFDnxu9DlDIoKy415yxw8kjhTQ88FSzAQXpifq_6ryAYycCCIbReoWG1dox2mWp0/s1600/A+chegada+-+imagem+divulga%25C3%25A7%25C3%25A3o.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="668" data-original-width="1000" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3qDrIZ3v2zsw-Zxyp9d9VHCNlOyQMq6nNWyLlwNz9UdFphtoyP-amVdt3aJj5urpWM8mImsBdHuqbFDnxu9DlDIoKy415yxw8kjhTQ88FSzAQXpifq_6ryAYycCCIbReoWG1dox2mWp0/s320/A+chegada+-+imagem+divulga%25C3%25A7%25C3%25A3o.png" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
Imagem do Filme 'A Chegada' - Divulgação </div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
Vários pontos interessantes no capítulo Fonologia. Faço questão
de ressaltar um deles: no início, o fonema foi visto como “menor unidade
linguística” (antes da sílaba, da palavra, da frase, do texto...). “No entanto,
há uma série de evidências mostrando que são determinadas propriedades dos sons
e não os fonemas que seriam os primitivos da Fonologia” (Mori, p. 140). Ou
seja, como a física descobrindo que há partículas menores do que prótons e
elétrons, mostrando que a ciência precisa estar sempre abertas a novas
descobertas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há uma expressão, famosa em Economia, segundo a qual um
evento inesperado é um “Cisne Negro” (porque houve um tempo em que somente
cisnes brancos eram conhecidos, até que alguém visse o primeiro negro). Um
exercício de lógica: é preciso ter cuidado para não associar a frase “até hoje eu só vi cisnes brancos” à ideia “só existem cisnes brancos”. Enfim, dizem que Covid-19
é o maior Cisne Negro da História Contemporânea, embora alguns cientistas já
alertassem para uma pandemia mundial de grande impacto. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Por fim, um exercício de humildade na conclusão da autora: “apresentamos
uma breve introdução aos conceitos considerados básicos pela teoria fonológica”,
“abrindo a porta para posteriores estudos” (Mori, p. 177). Mesmo com tantos
conceitos apresentados no capítulo, ainda não estamos habilitados a fazer a transcrição de uma língua indígena
desconhecida, sem grafia catalogada. Mas... temos bons elementos para
compreender que a complexidade da linguagem vai muito além de regras de
etiqueta normativa, que envolvem lutas de poder (refletidas no preconceito
linguístico) e afetam todos os processos de comunicação. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Fica aqui o convite para pensarmos o quanto a reflexão sobre
os caminhos históricos da linguagem, representados em parte por sua Fonética e
Fonologia, podem ser de grande valia nas mais variadas profissões. Gladis e
Luiz Carlos Cagliari citam a Medicina, a Fonoaudiologia, Engenharia de Comunicação,
Ciência da Computação, Artes Cênicas e Cinematográficas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pensemos no Jornalismo e nas Relações Públicas: profissões
que vão conversar com todas as outras, divulgar as especificidades das mais
diversas situações e instituições, enfrentando a difícil tarefa de abordar
temas densos e repletos de particularidades para um público mais abrangente.<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Embora eu saiba que, muitas
vezes, seja difícil argumentar com quem já tem uma posição diferente, devido ao
que Maingueneau denomina conceitualmente de ‘interincompreensão’ (<b>spoiler de Análise do Discurso</b>), isso
não deve servir de desculpa para não tentar. Antes de tudo, há a busca de
domínio do tema. Há os desafios, esses sim levam ao aprendizado. Eu mesma,
aqui, sou uma analista de discurso fazendo o exercício de abordar outros tópicos
da Linguística, como a Fonética e a Fonologia, de um modo que se tornem mais
acessíveis. Quantos caminhos podemos trilhar! As relações, somos nós que
continuaremos a construir. <o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p>Érika de Moraes - professora, jornalista e doutora em Linguística</o:p><br />
<o:p><br /></o:p>
<o:p><br /></o:p><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O texto citado, de Angel Corbera
Mori, encontra-se no livro "Introdução à Linguística: domínios e
fronteiras" - Vol 1, organizado por Fernanda Mussalim e Anna Christina
Bentes. Editora Cortez, 2003.<o:p></o:p></div>
<br /></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-11478177739142414862020-05-01T14:41:00.000-03:002020-05-01T14:41:25.265-03:00DIA DO TRABALHO<br />
<div class="MsoNormal">
Em meus primeiros anos escolares, ‘últimos’ anos de
ditadura, os livros repetiam como papagaios: “o trabalho dignifica o homem”. À
época, nem havia abertura para questionar o quão patriarcal este termo HOMEM.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Logo, descobri que o trabalho não só dignifica, mas também
oprime. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Felizmente, encontrando dentro de mim a posição do
EQUILÍBRIO (onde me encontro numa sensação de solitude, num mundo polarizado),
consegui reconciliar as coisas: o trabalho pode, sim, DIGNIFICAR, quando ele
possibilita um ponto comum entre servir dignamente a coletividade e, a um só
tempo, contemplar nossa própria subjetividade. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nem sempre (e não para todos) o espaço de subjetividade é
possível. Eu mesma (privilegiada por ter podido estudar) luto por ele todos os
dias. Não é fácil encontrar o lugar da subjetividade, sem abrir mão da empatia
e da sensibilidade com o outro. Pender para qualquer um dos lados é uma linha
tênue. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O trabalho ‘pode’ dignificar. O trabalho ‘pode’ oprimir.
Pode, não necessariamente promove uma das coisas. O trabalho pode até
enriquecer, mas isso não é de ‘bom tom’ dizer. Não entendo por quê: não vejo o
que pode ser mais digno do que a ascensão social e financeira por meio do
trabalho (e não da sorte, da corrupção, do embuste ou da canalhice). Mas não é
de bom tom dizer: o trabalhador ‘deve’ ser humilde, está escrito em alguma tábua
que algum opressor inventou. É tão fácil jogar o oprimido, sem emprego, contra
o trabalhador (assim, escondem-se os reais privilégios). [Trato um pouco disso
em meu artigo crítico destinado ao ethos de Nathalia Arcuri: muitos problemas
em sua formação discursiva, mas também méritos.]<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Apenas esperaria a construção de um mundo mais EQUILIBRADO.
Não vejo o que poderia ser mais socialmente sensível (valor ‘tipicamente’ da
esquerda) e meritocrático (valor ‘tipicamente’ da direita) do que a
oportunidade de trabalho e ascensão por meio dele. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Defender EQUILÍBRIO nos dias de hoje é ser apedrejado, e não
tenho menor vocação pra Geni, portanto, deveria calar-me. É justamente isso que
oprime: ter que calar para ser ‘aceito’. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O trabalho ‘pode’ dignificar. ‘Pode’ também oprimir. ‘Pode’
até enriquecer (não num sentido totalizante e monopolizador, mas promovendo segurança
e qualidade de vida). Mas só há grupo de pertencimento para quem acredita em
UMA das coisas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
São tempos tão difíceis e de ressignificação, que as
questões aqui postas podem até parecer banais. Só não nos enganemos. A
experiência atropelada do trabalho remoto JÁ IMPACTOU O FUTURO, para o bem e
para o mal, porém a SENSIBILIDADE HUMANA vai continuar sendo essencial. E
precisaremos ter muito tato (pensei em dizer força, luta ou bom-senso, mas
achei que tato contemplaria melhor o equilíbrio de que falo, sempre
considerando que palavras não são precisas) para fazer parte da ressignificação
(sobreviver a ela?). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Que o trabalho dignifique, oprima menos (pareceu-me irrealista
escrever ‘não oprima’), promova segurança. Proporcione o bem à coletividade e
permita algum espaço às subjetividades. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tenho ouvido muito que (apesar dos pesares) a humanidade
está em comunhão por uma solução comum à crise Covid. Eu me pergunto se serão
esquecidos os membros da equipe científica que criarem a vacina ou, ainda,
aqueles que trabalharem por ela (deveríamos medir o mérito pelos esforços, não
apenas pelos resultados). Eu me pergunto se terão uma aposentadoria digna. <o:p></o:p></div>
<br />Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-9997859457125121172020-04-10T13:38:00.001-03:002020-04-10T13:39:31.142-03:00TEXTO-ORAÇÃO PARA A SEXTA-FEIRA SANTA DE 2020<br />
<div class="MsoNormal">
(da minha cabeça e coração)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pai Nosso, eis que precisamos reaprender a rezar.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se o Pai é “Nosso”, não posso apenas pedir por minha família
e amigos. Peço por toda a humanidade, por todas as nacionalidades, e me deparo
com o paradoxo: alguns sofrerão mais, sendo matematicamente impossível aliviar
a todos na mesma medida. Diante desse conflito, quais as palavras certas para
rezar sem egoísmo, na minha pequenez humana, preocupada com família e amigos? Como
rezar direito, sabendo que alguns serão Cordeiro de Deus? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Que possamos aprender com a dor do outro, mas que não
sejamos tão indiferentes ao sofrimento alheio. Que humildemente reconheçamos
nossos limites, sabendo que somos o Outro do outro. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
Não sei exatamente como é Deus, mas mantenho a confiança no
Bem. Sempre muito inspirada por minha mãe nesta Terra, mantenho confiança em
Maria, nossa mãe no Céu. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mantenho confiança nos médicos, profissionais de saúde e
pesquisadores, inspirados pela Luz do Bem. Tomemos as vacinas disponíveis, em
conjunto com as orações. Deus é tão bom que inspira a Ciência. As da saúde e as
demais ciências, iluminação do ser humano.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Seja feita a Vossa Vontade, a vontade do Bem, em nossa
Terra. E, se humildemente puder ouvir a nossa vontade, que nos ajude a
atravessar, com o alívio possível. Não é de Deus (do Bem) que vem o mal, então,
“brotai em nós um coração que seja puro”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje. Como lembrou um especialista
em Economia (!), o pão é “nosso” e não “meu”. Lembremo-nos disso, sem deixar de
reconhecer as idiossincrasias - minha avozinha dizia que “filhos eram como os
dedos das mãos”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Perdoai as nossas ofensas e nos ensinai a perdoar a quem nos
tenha ofendido, porque esta arte do perdão é das mais difíceis. Não ouso dizer
“assim como perdoamos”, seria mais correto “como tentamos perdoar”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas livrai-nos do mal. Amém. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E intercedei por nós, Mãe Maria, que é cheia de Graça,
bendita entre as mulheres, força feminina neste mundo tão masculino que até
criou um sexo para Deus. Bendito é o fruto do vosso ventre, abençoai todos os
Filhos e Filhas e todos os ventres. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós,
pecadores. Intercedei para que a hora da morte tenha seu tempo e permita seus
ritos. Cuidai de nós, Humanidade, na Vida e na Morte. Permitindo a licença
poética na Ave Maria, ajudai a preservar as vidas de quem tanto ama a Vida e a
reconhece como Dom para o bem. Amém. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não sei rezar, faço alguns versos. Faço alguns versos, como
quem reza. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Érika de Moraes<o:p></o:p></div>
<br />Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-40117607806667519582020-03-19T17:40:00.000-03:002020-05-13T13:50:26.221-03:00A Aula de Barthes Saudade de estar em sala de aula com meus alunos. Tempos de quarentena.<br />
<br />
Nesse momento em
que não é possível, pensei em palavras de grandes autores que eu pudesse compartilhar - com meus estudantes e com a vida.
Lembrei-me desta famosa “Aula” de Roland Barthes, mais um clássico para os estudos
de linguagem.<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No último texto, apontei que Saussure já previa a “luta de
sentidos” como inerente à linguagem. Barthes, aqui, fala em “Vozes ‘autorizadas’,
que se autorizam a fazer ouvir o discurso de todo poder: o discurso da
arrogância” (p. 11). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Um texto belíssimo, uma lição de humildade e uma astúcia: já
que a língua tem esse ‘defeito’ (de não ser precisa, de provocar sentidos
múltiplos, de despertar lutas de sentidos), para Barthes, o que podemos fazer,
é “jogar” com ela: “porque é no interior da língua que a língua deve ser
combatida, desviada: não pela mensagem de que ela é o instrumento, mas pelo
jogo das palavras de que ela é o teatro” (p. 17). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Para mim, o que há de mais bonito neste texto é a
consciência de que meu desafio, como professora, é ensinar “o que não sei”.
Ensiná-los a “aprender a aprender”, a pesquisar. Deixarei, ao final, as
palavras de Barthes. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Recomendo fortemente a leitura de Barthes.<br />
<br />
Uma questão para reflexão: Como
agem as vozes que se colocam como “autorizadas” para o discurso da verdade? Qual
o papel da dúvida para a Ciência? E para a Comunicação institucional, para
fazermos um link com as Relações Públicas: uma empresa/instituição deve impor
sua verdade ou mostrar-se, humildemente, portadora de uma das vozes possíveis?
Como preparar a sociedade para valorizar as perguntas, hipóteses que levam a
posições fundamentadas? (são reflexões, não questões que necessitem de
respostas ponto a ponto). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;">“Há uma idade em que se ensina o que se sabe; mas vem em
seguida outra, em que se ensina o que não se sabe: isso se chama <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pesquisar</i>. Vem talvez agora a idade de
uma outra experiência, a de desaprender, de deixar trabalhar o remanejamento
imprevisível que o esquecimento impõe à sedimentação dos saberes, das culturas,
das crenças que atravessamos. Essa experiência tem, creio eu, um nome ilustre e
fora de moda, que ousarei tomar aqui sem complexo, na própria encruzilhada de sua
etimologia: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sapientia</i>: nenhum poder,
um pouco de saber, um pouco de sabedoria, e o máximo de sabor possível.” <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;">(Roland Barthes, “A Aula” de 1977). </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-13796422147735328102020-03-17T16:57:00.000-03:002020-03-17T16:57:38.306-03:00Saussure e lutas de sentidosDialogando com meus alunos...<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
Dando continuidade ao estudo de Saussure (“Curso de Linguística
Geral”), vamos refletir sobre a “luta de sentidos” que atravessa
a constituição da linguagem. (vejam p. 21 do texto em discussão)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No entendimento de Saussure, o “ato individual” é embrião da
linguagem e, além dele, está o “fato social” onde haveria “uma espécie de
meio-termo”: os mesmos signos unidos aos mesmos conceitos. Nisso, dá-se uma “cristalização
social” – sobre a qual diz Saussure: “Pois é bem provável que todos não tomem
parte do mesmo modo”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Disso, podemos pensar que há uma RELAÇÃO DE FORÇAS no
estabelecimento de sentidos que ganharão o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">status</i>
de “oficial” na sociedade. (Esse tema será sofisticado nas teorias discursivas
posteriores a Saussure). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pensando na divisão proposta por Saussure “Língua/Fala”
(Langue/Parole), a língua seria como um “tesouro depositado pela prática da
fala em todos os indivíduos pertencentes à mesma comunidade”. MAS HÁ LUTA DE
FORÇAS NO ESTABELECIMENTO DE SENTIDOS!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Podemos pensar nesses conceitos em torno da própria crise do
coronavírus que vivenciamos na atualidade</b> – e sem dúvidas marcará a história
deste século. Qual sentido tem a pandemia na sociedade? Quais impactos são
ressaltados por diferentes setores da sociedade? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Poderíamos, ainda, pensar na luta de sentidos atribuídos ao
termo “Educação”.</b> O que é educar? Formação humanística? Treinamento para
mercado de trabalho? Capacitação? (vejam, por exemplo, publicidade de escolas, cursos EaD,
treinamentos etc.) <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
PROPONHO que reflitam sobre essas questões e escrevam um
pequeno comentário ou resenha. Guardem no caderno para futuros debates e acréscimos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Alternativamente, deixo a proposta aqui no blog LIQUIMIX, onde vocês podem me deixar um comentário sobre o
tema. É uma alternativa para interagirmos nesse momento de
trabalho remoto. (Este é um canal informal - a participação é voluntária e não obrigatória. Mas quem sabe possa ser um lugar criativo de encontro... )<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ainda sobre esta página específica de Saussure a que me refiro, gostaria de
fazer um alerta sobre o parágrafo:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“A parte psíquica não entra tampouco em jogo (...) é sempre
individual e dela o indivíduo é sempre senhor”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esta concepção do indivíduo como “senhor de sua fala” será
revogada pelas teorias posteriores. A teoria do discurso reconhecerá a influência
de posições ideológicas e inconscientes. É importante entender que essa ruptura
com Saussure é respeitosa: compreende-se que foi preciso o impulso inicial de
Saussure para firmar a teoria linguística. Passo extremamente importante para o
avanço da Linguística. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Boas leituras! Bom trabalho! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Profa. Érika </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-78856366741235665392019-12-31T14:36:00.000-03:002019-12-31T14:38:42.327-03:00Sapiens - um livro para ser lido e estudado<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2Uj3_7OMWWeVY_GNgnDNrLfoDo9-HpaGIBmxyLlChe9txCQHwDmOOPHU8PYU32oVuwmpoaZC2UCc8um_GBwYuUUk_KtIt1m_NOjJOZqOu-FPnloLn2L7qTGi1i1aG0L7AQiPJrDaClOI/s1600/20191204_114213.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1600" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2Uj3_7OMWWeVY_GNgnDNrLfoDo9-HpaGIBmxyLlChe9txCQHwDmOOPHU8PYU32oVuwmpoaZC2UCc8um_GBwYuUUk_KtIt1m_NOjJOZqOu-FPnloLn2L7qTGi1i1aG0L7AQiPJrDaClOI/s320/20191204_114213.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px;"><br /></span>
<div class="MsoNormal">
Uma narrativa instigante sobre nosso passado e uma reflexão
perturbadora sobre nosso presente e futuro. Leitura poderosa - ao menos para
duvidarmos da "verdade irrefutável" de uma doutrina, qualquer uma
delas.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Muito cuidado ao ler trechos isolados do livro e citar
apenas as partes que interessam. Vale encarar suas 550 páginas e prestar
atenção em suas próprias "ordens imaginadas".</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Uma das leituras experienciadas em 2019.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Érika</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<br />Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-73673745440929186682019-07-25T21:17:00.002-03:002019-07-30T13:38:06.515-03:00Hibisco Roxo e a magia da leitura<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRR46uE5VA1lt1WzQbxR_TvU6tH9cTVYxp2Ip7x6boX8cjz8oY9jM6IdC_4CBie4NS3AxsziyG2Ws9t0EBGbZiLGWDhgkhKAcgmqONZlE1MDLFCzxTmC8uT_k8n2HNtIwznBNr3YVxS48/s1600/20190725_175125.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRR46uE5VA1lt1WzQbxR_TvU6tH9cTVYxp2Ip7x6boX8cjz8oY9jM6IdC_4CBie4NS3AxsziyG2Ws9t0EBGbZiLGWDhgkhKAcgmqONZlE1MDLFCzxTmC8uT_k8n2HNtIwznBNr3YVxS48/s320/20190725_175125.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"></span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">Silenciosa.</span></b> Assim é a doce Kambili, nigeriana de 15 anos. O silêncio de quem não quer incomodar
a imperfeição do mundo ou, em outras palavras, não quer perturbar o mundo com
suas feridas e sussurros interiores. Kambili é de família rica (</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 9pt; text-align: justify;">como assim, rico
tem sofrimento?</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">).
Seu pai é benfeitor querido do povo, reconhecido <i>omelora</i>, Aquele que Faz pela Comunidade. Enquanto Papa fazia pela
comunidade, o avô, pai do Papa, andava desnutrido e de shorts puídos, já que não
merecia benfeitoria por ser “pagão”. Pagão ou tradicionalista, porque tudo
sempre tem ao menos dois lados e diversos matizes e, para tristeza de Deus,
crença cega sempre trouxe desavença. O Papa também batia na Mama – espancava,
na verdade, cenas que a narradora descreve de modo tão sutil que eu, leitora, quase
chego a pensar que minha interpretação está equivocada, que estou imaginando
demais. Será possível? De onde minha mente levanta essa cruel hipótese?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">(Pausa
para reflexão. Havia lido uma reportagem em revista brasileira sobre mulheres
nigerianas que vinham ao Brasil para tratamento de fertilização, mesmo já tendo
filhos, porque não aumentar a prole significaria ser expulsa da casa rumo à
ardência do inferno. Essas e outras notícias trazem um pouco de contexto sobre
a sociedade narrada no livro, sua topografia.)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">As
colegas de escola de Kambili acham que ela seja metida, pois quase não fala com
ninguém. Silenciosa. Se atrasar para chegar ao carro ou não for a primeira da
turma [</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 9.0pt;">sempre
achei chato e mal colocado esse negócio de “primeiro da turma”, é muito melhor
estar num grupo de estímulos recíprocos do que perder-se em vã competição de
ilusórios reis na barriga, mas deixemos esta elucubração para outro momento</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">], as consequências
são... vejam no livro. Por trás, ou nos entremeios dos não ditos de Kambili, há
um turbilhão de palavras e sentimentos, há construções e reelaborações de
sentidos, há sonho e vigília. Poderia falar muito sobre a sutileza com que
Chimamanda tece o romance, poderia falar do primeiro amor platônico, delicado e
inocente em sua possibilidade impossível. E gostaria ainda de traçar
comentários sobre cada uma das personagens, a Mama, o irmão Jaja, a Tia Ifeoma,
professora universitária cujo olhar nos ajuda a contrabalancear os pontos de
vista. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">“Você baixa a
voz quando fala. Você sussurra.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">(Amaka à
Kambili) <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">
<b><span style="color: #0070c0; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 18.0pt;">A função primordial da
vida<o:p></o:p></span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Deixando
as descobertas de enredo para o(a) leitor(a) – garanto que você vai adorar! – falarei
um pouco mais sobre a narradora. Narrar é assumir um ponto de vista. María Teresa
Andruetto, escritora argentina, diz: “escrever é um modo de olhar muito intenso”.
Da escrita, desponta um narrador, o olho na cena, a quem compete dar alma e
vida à ficção. “O olho de quem narra se detém no particular, porque a ficção é
o reino do detalhe”. E assim é que a ficção é a mais pura vida, pois literatura
é “o lugar do que é, não o do que deveria ser”. Por que ler literatura em vez
de um livro sobre a História e a Cultura da África, se quero entender outras
mentes? A razão é justamente percorrer outras mentes, coisa que só é possível
via arte da palavra, elaboração do signo, dança do significado no significante.
Às vezes eu me pergunto até que ponto teorizar não faria perder o bonde da
sensibilidade, é quando a literatura resgata. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Literatura
não tem uma função simples de ser traduzida porque tem a <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #0070c0;">função mais primordial da vida</span></b>: “é
a invenção de histórias o que nos permite abstrair-nos do mundo para dar-lhe um
sentido”, ainda citando Andruetto. (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">E a
cabeça já vai amarrando com Freud, Lacan, Jung e, mais recentemente, Hillman...</i>)
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #0070c0; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 18.0pt;">Ler é tão importante quanto respirar.</span><span style="color: #0070c0; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">É tão triste ver
quanta gente sobrevive amarrada a um balão de falso oxigênio de vida,
acreditando no utilitarismo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">stricto sensu</i>.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #0070c0; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 18.0pt;">Não à toa, pesquisas demonstram que a Literatura está
diretamente relacionada à empatia</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">. É mágico: eu não preciso ter a mesma
cor da pele de Kambili para me sentir tão ligada a ela nessa convivência de 320
páginas. É como uma amiga que passou um tempo importante em minha vida, mas ambas
seguiremos em frente por caminhos distintos, eternamente modificadas pelo
Encontro, sem jamais esquecer uma da outra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Estou
absolutamente convencida de que a união por meio da Literatura construiria um
mundo melhor. Se ela traz empatia, o leitor ou leitora há de concordar que isso
está bem em falta no mundo. [</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 9.0pt;">O que eu mais temo é a voz de uma confissão: “está
mesmo faltando empatia, e isso é bom, certíssimo, cada um que se vire mesmo, os
mais fortes sobreviverão”.]</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> Mas...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">E
se alguém ainda desejar um mundo mais empático? E se esse alguém for você, e começar
tendo empatia pelo que aqui escrevo? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">“Queria dizer às
meninas que meu cabelo era de verdade, que eu não usava extensões, mas as
palavras não saíam. (...) Queria conversar com elas, rir com elas, rir tanto
até começar a pular no mesmo lugar como elas faziam, mas meus lábios insistiram
em permanecer fechados. Como eu não quis gaguejar, comecei a tossir e corri
para o banheiro.” (Chimamanda dando voz à Kambili)<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "times new roman" , serif;"><b><span style="font-size: large;">UM DESAFIO DE LEITURA – para quem tiver muque </span></b><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Em
trabalho de sala de aula, alunas minhas apresentaram dados de uma pesquisa que
dizia que a média de leitura do brasileiro era muito pequena, dois vírgula um
pouquinho de livro por ano. Minha primeira reação: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nossa, quanta gente lendo nada, já que os que leem uns 20 por ano estão
puxando a média para cima</i>...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Percebemos
que, mesmo entre os universitários, o índice geral de leitura é baixo, excetuando
os textos teóricos obrigatórios – muitas vezes, lidos parcialmente e de modo
fragmentado. Eu também leio menos ficção e obras diversas do que gostaria,
diante da necessidade de muita leitura acadêmica. Fora o fator tempo, os olhos
não são de ferro. Mas... Desde o início deste ano, me propus um desafio: ler ao
menos 10 páginas por dia de algo “não obrigatório”. Preferencialmente, literatura
como a de Chimamanda, mas também valem aqueles das listas de mais vendidos,
afinal, é preciso conhecer para tomar posição. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">10
páginas por dia representam um livro de 300 páginas por mês. Representam uma
média de no mínimo 12 livros por ano. E, se me pergunta, sim, caso não possa
ler 10 páginas em um dos dias, pode compensar com 20 no outro. Nessa brincadeira,
eu li 23 livros de janeiro a julho. Linguística não conta (no meu caso, por ser
obrigação profissional). </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 16.0pt;">O
prêmio é a leitura em si. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Claro
que seria bacana resenhar cada um dos livros (aliás, a escrita é relevante para
a autoelaboração da leitura), mas viver é priorizar. Ficam as anotações em
post-its. <i>Les brouillons</i>. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 16.0pt;">Se
quiser experimentar as 10 páginas por dia, garanto que será uma experiência
transformadora para muito melhor. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">PS: Faz tempo que queria registrar essa resenha. Por sincronicidade, publico hoje, dia do Escritor. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><b>Referências
</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">ADICHIE,
Chimamanda Ngozi. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Hibisco Roxo</i>. Tradução
Julia Romeu. 12 reimpr. SP: Companhia das Letras. [2003] 2019. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">ANDRUETTO,
María Teresa. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Por uma literatura sem
adjetivos</i>. 4 reimp. Tradução de Carmem Cacciarro. SP: Pulo do Gato. [2009]
2017. <o:p></o:p></span></div>
<br />Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-62636142347480873202019-04-29T16:33:00.000-03:002019-04-29T16:46:19.511-03:00O caso da contaminação de leites infantis por Salmonella<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #0070c0; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;">O
caso da contaminação de leites infantis por Salmonella <o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #0070c0; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;">- e
o que pode nos ensinar -<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #0070c0; font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="font-size: large;">Empresas
privadas e Estado - Quem vigia os vigilantes?</span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O caso teve
repercussão na França em 2017, não se limitando a este ano e país, já que a
empresa envolvida é uma grande exportadora, inclusive para o Brasil. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Naquele ano,
inúmeros pais e mães deram entrada em hospitais infantis com seus bebês apresentando
quadro grave de diarreia e vômito. Evacuando sangue, os bebês encontravam-se
fracos e desidratados. Os primeiros diagnósticos não suspeitaram da Salmonella.
Quando descoberta a presença da bactéria, a primeira suspeita recaía sobre a
falta de higiene no manuseio da alimentação do bebê. Houve demora até ser
detectado que o problema estava no leite em pó infantil (o único alimento que a
criança então consumia!), vendido em farmácias e com receitas médicas, o que só
agravava o quadro. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Os aspectos
complexos desse caso foram tratados em várias reportagens e, recentemente, no
documentário da <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #0070c0;">TV5-Monde</span></b>,
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cellule de crise - Lait contaminé : au
coeur de l'affaire Lactalis</i>, com legenda em português. Até hoje não está inteiramente
explicado. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Após a coincidência
de casos, a conclusão foi de que alguns lotes de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #0070c0;">leite do Grupo Lactalis</span></b><span style="color: #0070c0;"> </span>deveriam ser retirados de mercado. Outros bebês
continuaram passando mal. Outros pais e mães continuaram entrando em contato
com o atendimento ao consumidor, ouvindo a garantia de que o lote que tinham em
mãos não estava com problema. E os bebês continuavam doentes, com risco de
óbito. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Toda a produção da
empresa em <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #0070c0;">Craon</span></b>
estava comprometida, já que a bactéria havia sido encontrada nesta sede e as <u>fórmulas
infantis vendidas para 83 países, inclusive o Brasil</u> (ver matéria da Folha
de São Paulo, link abaixo). <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #0070c0; font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="font-size: large;">Dúvidas, barreiras econômicas e comerciais</span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Segundo explica
o documentário da <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #0070c0;">TV5-Monde</span></b>, em determinado momento, havia incerteza
total sobre quantos lotes deveriam ser retirados de venda. Em princípio, a
empresa fez um recall de produtos produzidos durante 15 dias. A reincidência de
casos demonstrava que o período não era suficiente. O Estado demandou que o recall
incluísse vários meses, já que os dados apontavam para quase um ano de
contaminação (embora sua precisão fosse nebulosa) e, na dúvida, era a saúde e a
vida de bebês que estavam em jogo. O tempo mostrou que o Estado estava certo,
mas a questão não é tão simples: se estivesse errado, caberia ao setor público
indenizar a empresa em milhões. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #0070c0; font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="font-size: large;">Mais do que buscar um “culpado
evidente”, a necessidade vital de regulamentação</span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Houve algum tipo
de fraude? Nada está provado. A empresa teve alguma intenção de contaminar seus
produtos? Provavelmente, não. A principal hipótese é a de falhas nos processos
de produção e fiscalização. A salmonella havia sido encontrada nas dependências
da fábrica, mas não no produto em si, o leite em pó, segundo análises do laboratório
privado contratado pela empresa para emitir seu laudo de controle de qualidade.
O laboratório errou? Também não é tão simples: uma das explicações pode estar
na amostragem. Houve falhas na qualidade de produção? Uma das hipóteses está
relacionada à redução de quadro de funcionários. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O fato é que o
Estado precisou intervir e, na análise feita por laboratório público francês, a
bactéria foi encontrada no leite em pó. Posteriormente, o laboratório privado
também refez a análise e encontrou a bactéria. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Como é feita a fiscalização?
O Estado tem acesso aos laudos emitidos pela própria empresa, que tem o direito
de se “autorregular” e só interfere em caso de necessidade. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Detectado o
problema, percebeu-se a falta de um protocolo definido sobre como agir, quanto à
agilidade de retirar os produtos de venda, como orientar os pais que ligavam no
atendimento ao cliente ao se encontrarem na seguinte situação: fim de semana,
farmácias fechadas, sem receita médica para substituir o produto, o que fazer
com a próxima mamadeira? Posteriormente, especialistas afirmaram que a simples
orientação de ferver o leite resolveria o problema. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">As dificuldades (jogos
de interesses?) provocaram efeito em cadeia, como a falta de alinhamento entre
os ministérios da Agricultura, Saúde e Economia e a manutenção, em
supermercados, de produtos sinalizados em lotes de recall. A justificativa para
esse último fato seria de falhas na redistribuição de produtos devolvidos,
mostrando que não havia um sistema de controle eficiente. Tudo isso acontecendo
na França – sempre acredito que os “problemas dos outros” são válidos para
avaliarmos com distanciamento e refletirmos sobre os nossos. E, no fim das
contas, se somos todos humanos, não somos “outros”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O imbróglio é
ainda maior do que pude aqui resumir. A mesma bactéria está relacionada à mesma
fábrica em casos do ano 2005, podendo significar que sua presença nunca deixou
de existir por 13 anos, apenas foi menos evidente. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">A Lactalis
voltou a comercializar leite infantil, agora com o nome Célia. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #0070c0; font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="font-size: large;">Quem fiscaliza quem</span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">No Brasil, ganha
força a ideia de que tudo que pertence ao Estado é um antro de perdição. Não
vou julgar o brasileiro traumatizado com escândalos como o caso Petrobras. No
exercício de analista de discurso, limito-me aqui a apontar o perigo da
conclusão oposta: o de que tudo que é privado é puro, limpinho. Que o setor
privado é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sempre</i> competente em autorregular-se,
que este não precisa de fiscalização. A polarização é muito perigosa, pois faz
parecer que há vilões de um lado, santos de outro (quem ocupa cada papel vai
depender de cada grupo), apagando-se as complexidades de que todos os setores e
pessoas estão sujeitos a falhas, não necessariamente propositais. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">No impasse de
dúvidas entre atuação do setor privado e do público, havia bebês evacuando
sangue, contaminados por seu próprio alimento, enfraquecidos e sem voz para
dizer o que sentiam. Seres humanos pequenos demais para perder tanto sangue, com
suas vidas infantis em risco. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">A sociedade
precisa manter-se em alerta. Seria muito cômodo poder acreditar numa figura
paterna cuidando de todos nós (o Pai-Empresário ou o Pai-Estado), mas mesmo os
pais estão sujeitos a equívocos (pensem nesses pais e mães, inocentemente,
nutrindo seus próprios bebês com leite contaminado). É necessária uma rede de
regulamentação em que sociedade, empresas e Estado sejam mutuamente reguladores
um dos outros. Muito fácil acreditar que uma única instância seja capaz de
autorregular-se, mas insuficiente. É preciso haver agências reguladoras com
independência para exercer seus papéis. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Sem romantizar
quaisquer dos atores, cabe dizer que é função essencial do Estado zelar por
direitos fundamentais do ser humano, sobretudo o direito à vida e às
necessidades básicas como saúde e educação. Eis um ponto pertinente para elucidar
uma questão não bem explicada à sociedade: ao contrário de ser privilégio, a
estabilidade de agentes empregados em setores públicos é correlata à
independência de sua atuação. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Recomendo
fortemente o documentário da TV5 Monde para, a partir desse caso sério e real, extrapolar
para outros temas e refletir sobre a construção de uma sociedade mais segura e
em prol da vida. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">PS: Minha atuação é com linguagem e discurso. Se
pudesse escolher, ficaria sempre do lado poético da linguagem, mas não posso me
isentar do fato de que discurso envolve sociedade, política, economia. <o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #0070c0; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">PARA SABER MAIS: <o:p></o:p></span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #0070c0; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">TV5 - Monde<o:p></o:p></span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span lang="FR" style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">DOCUMENTAIRE - Cellule de crise<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span lang="FR" style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Lait contaminé : au coeur de l'affaire Lactalis<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Duração :
90 minutos<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Link sobre
o documentário: <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="FR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: FR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span lang="PT-BR"><a href="http://www.tv5monde.com/programmes/fr/programme-tv-cellule-de-crise-lait-contamine-au-coeur-de-l-affaire-lactalis/63890/">http://www.tv5monde.com/programmes/fr/programme-tv-cellule-de-crise-lait-contamine-au-coeur-de-l-affaire-lactalis/63890/</a></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="FR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: FR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #0070c0; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Folha de São Paulo:<o:p></o:p></span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">França investiga
dona da Batavo por Salmonella em produto para bebê<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><a href="https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/01/1950402-franca-investiga-dona-da-batavo-por-salmonella-em-produto-para-bebe.shtml">https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/01/1950402-franca-investiga-dona-da-batavo-por-salmonella-em-produto-para-bebe.shtml</a><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-5116419278366399202017-05-16T18:02:00.001-03:002017-05-16T18:03:01.807-03:00Bibliothéque (en France)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZc1IZwp8PjWnvbDeCR2gLUVG2HeVqDsNqdRQUYmMnSbKWVaKothWi4RWDBRwyI1X7kpcGBUkKXJQseDGxwoJdeN3DciRnon_0wWooHnGikiSXNkA0mgUX-_cbpHVESvwb3mMFnr9oiZQ/s1600/IMG_5354.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZc1IZwp8PjWnvbDeCR2gLUVG2HeVqDsNqdRQUYmMnSbKWVaKothWi4RWDBRwyI1X7kpcGBUkKXJQseDGxwoJdeN3DciRnon_0wWooHnGikiSXNkA0mgUX-_cbpHVESvwb3mMFnr9oiZQ/s320/IMG_5354.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Sala de estudos na biblioteca da Université Paris-Sorbonne</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Quando temos a oportunidade de nos aproximar de
outras culturas, uma das melhores experiências é observar. Simplesmente
observar, sem achar que a outra é melhor ou pior do que a nossa. Refletir. Algo
que observo na vida acadêmica daqui (Paris, França) é a importância das bibliotecas como
espaços de estudo. Nas aulas a que assisto (mestrado ou graduação – como um
estágio para mim), o professor propõe reflexões. Os alunos mantêm uma postura
respeitosa: anotam, fazem perguntas quando têm interesse, não comparecem e
arcam com a ausência quando não tem. E é nas bibliotecas que o aprendizado se
solidifica, ambiente intenso de estudo e concentração. A meu ver, a beleza histórica
desses ambientes contribui muito para esse foco, inspira.<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
O professor é
importante, porque sinaliza caminhos, mas ele não mastiga nada. No exame, as
salas lotam, o professor cobra – faz parte. Os jovens universitários são como
quaisquer outros: sentam-se no chão, deixam escrituras eventualmente impróprias
nos banheiros, falam muito ao celular (nunca na aula ou na biblioteca). Mas
eles têm uma espécie de “botão” de concentração que liga nas aulas e nas
bibliotecas. E talvez isso venha de uma cultura contemplativa adquirida desde a
infância e relacionada à oportunidade de crescer em um ambiente onde, desde crianças,
visitam museus e outros pontos culturais, com pais e professores.<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Desde a
primeira vez que vim a Paris, fiquei impressionada com um pequeno grupo de
crianças no Museu D’Orsay, absolutamente atentas à professora, que as
estimulava a observarem as vestimentas infantis em um quadro antigo, a observarem
as diferenças em relação aos tempos atuais. Fiquei ali encantada, aprendendo com
a aula da professora, pois, infelizmente (e repito, não é para dizer que um
país é melhor ou pior), em geral, não tivemos essa oportunidade em nossa
infância no Brasil, especialmente nas cidades desprovidas de museus.<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Se vou a
um concerto, tem sempre uma criança mais concentrada do que eu, já que ela não
tem a minha cabeça de adulto “pensando na pesquisa enquanto ouve a música”.
Intuitivamente, ela já sabe que a música deixará marcas de criatividade para as
futuras pesquisas, acadêmicas ou não, o desbravar do mundo. Se vou a uma
livraria, sempre me deparo com uma cena interessante de criança, diante de
algum livro, exclamando uma das típicas expressões francesas de admiração: “Super!”
(oxítona), “Oh la la”, “Magnifique”. Et... c’est magnifique!<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Em contrapartida,
o parisiense tem muito, também, dessa coisa apressada do paulistano, mas é como
eu disse, um botão que liga e desliga. Sei que em São Paulo, capital, há
oportunidades semelhantes, mas a minha comparação com cidade do interior faz
sentir falta desses ambientes contemplativos. E, mérito nosso de brasileiro,
ainda assim, com menos oportunidades, nós lutamos e buscamos. Ainda que
tenhamos que, maduros, aprender a ter a concentração adquirida por uma criança
europeia na infância. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
* Érika de Moraes - atualmente, realizo estágio de Pesquisa pós-doutoral na Université Paris-Sorbonne, na França.</div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-42520853844431585322017-04-27T18:54:00.003-03:002017-04-27T18:54:48.433-03:00Paris em 3 diasEsse roteiro foi feito pelo casal Érika & Ronaldo, a pedido de um amigo que só tinha 3 dias para visitar a bela Paris e precisava de sugestões bem práticas.<br />
<br />
PRIMEIRO DIA:<br />
<div class="MsoNormal">
A sugestão é pegar o metrô e descer na
<b>Champs-Elysées</b>, caminhar até o <b>Arco do Triunfo</b> e subir lá para ver a vista (pode comprar o passe
antes na Fnac na própria Champs Elysées ou usar o Paris Museum Pass), depois caminhar a pé até a <b>Torre
Eiffel</b>. Da Torre, pode seguir para o <b>museu D'Orsay</b> - de metrô ou batobus.
Batobus é o mais legal para ir curtindo o <b>Rio Sena</b>! De lá, pode ir ao <b>Jardin de
Louxembourg</b>.<o:p></o:p><br />
<br />
SEGUNDO DIA:</div>
<div class="MsoNormal">
Se gostar de museu, ir ao <b>Louvre</b> logo pela
manhã. Depois, passear pelo <b>jardim do Louvre</b>, pode lanchar no próprio jardim (tem barracas de crepe, por
exemplo). Se der tempo, tomar <b>chocolate Angelina</b>, na rua lateral do Louvre. De
lá, pode ir à <b>praça do Concorde</b>, em frente ao jardim, caminhar até igreja <b>Madeleine</b>, ir às lojas de macarons da região: Fauchon
et Laudurée.<o:p></o:p><br />
<br />
TERCEIRO DIA:</div>
<div class="MsoNormal">
Ir à <b>Sacre-Coeur</b> e visitar o bairro,
<b>Montmartre</b>, onde fica o <b>Moulin Rouge</b>, o <b>Café Deux Moulin</b> (da Amélie Poulain)...
de lá, pegar o metrô e ir à <b>Notre Dame</b>. Na região da Notre Dame, tem a livraria
Shakespeare & Company, o sorvete Berthilon... É uma região muito legal, tipicamente parisiense!<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não deixe de <b>caminhar pelas margens do Sena observando as pontes</b>,
é lindo e gratuito! E à noite, escolher algum bistrô...<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
* Para ideias mais completas, navegue no blog pela tag "Paris" ou "França"<o:p></o:p></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-46866461815437245412016-08-31T15:59:00.000-03:002016-08-31T15:59:04.807-03:00O Incrível Hulk Azul<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn7lOzgf9_VeZRdYjkhbgJbrPvt2-3vTBbBebMYjdp2h_6zKJ2GhyphenhyphenbfVAKA7IXPL4EN9IZ2c9lj9vwGMlBbl4FYBeJ_SafIfqWNYHR6DMJaswh_i6tidDjZ4Rf3pFBbTTXktDp4H7EycE/s1600/IMG_7177.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn7lOzgf9_VeZRdYjkhbgJbrPvt2-3vTBbBebMYjdp2h_6zKJ2GhyphenhyphenbfVAKA7IXPL4EN9IZ2c9lj9vwGMlBbl4FYBeJ_SafIfqWNYHR6DMJaswh_i6tidDjZ4Rf3pFBbTTXktDp4H7EycE/s320/IMG_7177.JPG" width="320" /></a></div>
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: center;">
<b style="background-color: white;"><span style="color: blue;">O Incrível Hulk Azul</span></b><o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: center;">
(Sobre crianças, trabalho, profissões...)<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<i>- Vem na minha casa, tia! <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<i>- A tia logo vai! <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<i>- Vem amanhã! <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<i>- A tia vai daqui uns dias, antes
tem que trabalhar.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<i>- Pra ganhar din din, né! Você
traz um Hulk azul? <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A mamãe dele já explicou que não é para pedir as
coisas. Mas é compreensível, ele só tem dois aninhos. E eu faço parte do ainda
pequeno círculo de pessoas que, ele sabe muito bem, o querem feliz e amado. E
observem o que ele pediu primeiro: presença. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Claro que a titia apaixonada está doida para
encontrar um Hulk azul (ele me disse que tem “na barraquinha”), mas parece que
ele me escolheu para uma missão um pouco difícil (será que vale pintar um verde
com tinta azul? Ou escolher um Smurf bem bravo com cara de Hulk?). Para quem
não está atualizado, já existe Hulk vermelho, o que deve ter levado meu
sobrinho a imaginá-lo de todas as cores. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A história do Hulk me fez pensar sobre como vamos
construindo a ideia de trabalho nas crianças. O primeiro impulso do adulto é
colocar o trabalho como algo necessário para ganhar dinheiro. Não deixa de ser:
precisamos dele para nosso sustento e para realizar outros sonhos que
necessitam de respaldo material. Mas já fiquei pensando em logo tentar explicar
ao meu sobrinho sobre outras motivações. Em parte, ele já sabe, pois brinca de
mecânico, engenheiro, médico, super-herói, dinossauro (mas, modéstia à parte,
sua maior alegria - pelo menos na minha frente - e colocar-se atrás da cortina,
com os pezinhos visíveis, e gritar: procura eu Ékataaaaaa!!!). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Enfim, explicar que a gente precisa, sim, do
dinheiro, mas que o trabalho que escolhemos pode trazer realização, sentido de
vida! Sem hipocrisia. Não quer dizer que trabalhamos somente por amor. Mas que,
se escolhemos de acordo com nossas motivações, o trabalho pode trazer tanta
satisfação quanto qualquer outra atividade prazerosa. E também não quer dizer
que qualquer trabalho do mundo não tenha lá suas partes chatas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Meu sobrinho é uma criança feliz, a família não é do
tipo que compensa falta de afeto com coisas materiais - embora os tios babões
não resistam dar presentinhos, ele fica tão feliz com um desenho numa folha de
papel quanto com algo mais caro. Na verdade, fica muito mais feliz com coisas
que o dinheiro não compra, como ver um arco-íris ou ganhar um pouco do nosso
tempo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Mas a gente sabe que tem aí uma geração de crianças
que não está aprendendo muito bem sobre valores. Então, no nosso mundinho
encantado, sei que o possível de minha presença é meu maior presente. E, como
logo ele irá à escolinha, imagino que será mais fácil explicar a ele: a titia
também é professora, também precisa dar atenção aos alunos! E, no seu mundinho
encantado, ele vai me imaginar tão querida quanto as professorinhas da
pré-escola. E, no meu mundinho encantado, isso vai me ajudar a me lembrar,
todos os dias, por que vou continuar amando meu trabalho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
[... mesmo quando o Cláudio de Moura Castro escreve artigo denegrindo a
imagem do professor, enquanto ninguém contesta o mérito das categorias com mega
salários e auxílio moradia maior que o salário inteiro de muitos professores.
Em terra de desvalorização da educação, professor é vilão.]<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Por enquanto, tudo isso é um pouco complicado para
meu sobrinho. Tudo tem seu tempo. É fase de sonhos: todas as profissões têm
igual valor. É cedo demais para ele entender que alguns trabalham muito, outros
lucram mais. Que a vida impõe sacrifícios, mas não igualmente para todos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
No mundinho encantado dele, a professora da
escolinha será tão valorizada quanto a doutora médica, tão merecedora quanto os
demais trabalhadores. Assim como a tia da merenda etc. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
É tempo de Hulk azul para nós. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E tomem cuidado, seus malvados, pois, se continuarem
se aproveitando dos mais fracos, o Hulk azul vai pegar vocês!!!!</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Quem pensa que estou brincando, saiba que é mais
fácil o Hulk azul aparecer na terra do que alguns corações serem dignos.<o:p></o:p></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-13795987706359939662016-06-29T10:17:00.002-03:002016-06-29T10:19:06.757-03:00Reinos desunidos<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O resultado do
referendum inglês pela saída do Reino Unido da União Europeia – o chamado
Brexit – trouxe ao mundo a sensação de estar presenciando um daqueles momentos
históricos em que a linha do tempo irrompe em um marco. Em tais circunstâncias,
não é difícil esquecer que a história de fato é constituída nas peculiaridades
do dia a dia de cada cidadão. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Qual a
semelhança entre a experiência inglesa e a brasileira nas últimas eleições? Ambas
trazem à tona as benesses e as controvérsias da democracia: esta não é a
vontade de todos, mas de uma maioria. É questionado, porém, o próprio conceito
de maioria quando os resultados mostram sociedades divididas. Por um lado, a
democracia tem a sua legitimidade (e qual seria a alternativa a ela, se não a
de recair em regimes totalitaristas?), por outro, um resultado como o britânico
– 51,9 a 48,1% – representa um empate técnico. E, havendo empate, existe
realmente a vontade de uma maioria? Ou existem vontades opostas que convivem no
mesmo tempo e espaço?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O mapa da
votação britânica mostrou claramente uma divisão: Escócia optaria pela
permanência na União Europeia, enquanto Inglaterra e País de Gales escolhem a
saída do bloco. O governo escocês, então, já fala em um novo referendum pela
independência da Escócia em relação ao Reino Unido, seria a desunião provocando
mais desunião. Outra aparente divisão seria por faixa etária, conforme
expressam os jovens, especialmente pelo termômetro das mídias sociais, ao
lamentar que viverão o futuro escolhido primordialmente por uma população acima
dos 65 anos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Modelos
existem. A Noruega, por exemplo, campeã no ranking de Índice de Desenvolvimento
Humano, não faz parte da União Europeia. Cidadãos europeus do bloco comum
usufruem da livre circulação e, simultaneamente, experimentam dificuldades
sociais como o desemprego e falhas nos serviços de saúde, além do fantasma do
terrorismo associado, justa e injustamente, às facilidades da imigração. Pode
ser, como dizem alguns analistas, que cidadãos do Reino Unido, ao vivenciar
problemas que afetavam diretamente sua qualidade de vida, optaram por uma via
diferente, sem saber se seria necessariamente melhor, e acordaram, de um dia
para o outro, com a questão assustadora: e agora?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Fato é que o
“golpe inglês” contra a União Europeia já representa uma ferida no mais belo – e
utópico – ideal pós-guerra, o de um mundo sem fronteiras. É, porém, mais fácil
desconstruir fronteiras físicas do que ideológicas. O que é união, se não
respeito e convivência com concepções e vontades distintas? O avesso da união é
a destruição do outro cujo pensamento é divergente. E, nesse viés, vale menos a
contagem de votos do que quem tem a arma de fogo mais potente. Valem menos as
vidas e a preservação da história, seja em Palmira, na Síria, em Paris ou numa
casa noturna de Orlando. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Nesse momento
(ou sempre?), há mais perguntas do que respostas. O que queremos para o mundo?
O que queremos para o Brasil? Quais medidas são necessárias para que não
prevaleçam decisões radicais? Como promover mudança sem radicalização? Em
tempos de desunião (ou será esta uma característica da humanidade e não de
nossos tempos?), é preciso muito cuidado com discursos radicalizadores baseados
em preconceitos. É fácil para alguém mal intencionado pregar o preconceito com
a falsa máscara do protecionismo de fronteiras físicas e ideológicas. Que seja
esta uma lição para o Brasil, se houver tempo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<b>Érika de Moraes</b> é Doutora em
Linguística, com ênfase em Análise do Discurso, pelo Instituto de Estudos da
Linguagem da Universidade Estadual de Campinas. Professora da Faculdade de
Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp de Bauru.<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
Artigo publicado originalmente no <a href="http://brasil.estadao.com.br/blogs/tudo-em-debate/reinos-desunidos/" target="_blank">Blog do Estadão</a> em 27/06/2016.<o:p></o:p></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-21988503024121508962016-06-03T22:34:00.001-03:002016-06-03T22:36:48.272-03:00Língua, ideologia e empoderamento<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O dia da Língua
Portuguesa (5/5) é uma oportunidade para refletirmos sobre o significado social
e político da linguagem em nossas vidas. Língua (não só a portuguesa) não se
resume a um conjunto de normas de padronização (embora tais normas tenham
funções importantes em termos de unidade e historicidade). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Dizer que a
língua não se resume às normas não implica negá-las ou minimizar a importância
de aprendê-las, mas mostrar que seu conceito é muito mais amplo. Tomemos como
exemplo o tema da aprovação, por deputados do estado de Alagoas, de lei que
obrigaria professores a manter “neutralidade” em sala de aula, impedindo-os de
“doutrinar” alunos em assuntos políticos, religiosos e ideológicos. Além da
inconstitucionalidade, que pode ser discutida em âmbito jurídico, tal lei parte
de um pressuposto equivocado, o de que existiria uma forma de linguagem desprovida
de ideologia. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Com o nome “Escola
Livre”, uma lei como essa, a rigor, imprime a censura nas salas de aula. Assim
como a censura durante a ditadura militar instituía-se de forma arbitrária, somente
por meio da arbitrariedade é possível decidir o que é ou não ideológico do
ponto de vista linguístico-discursivo. Para quem se alinha a uma ideologia mais
à direita, propostas voltadas ao social, à abertura de oportunidades mais
igualitárias são vistas como ideológicas, esquerdistas, assistencialistas. Já
para quem se identifica com ideias mais à esquerda, qualquer proposta que faça
lembrar argumentos da direita - um exemplo, a defesa da meritocracia - será
vista como equivocada e demonizada. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Ora, qual a
ideia certa? Qual a errada? Equivocado é acreditar que exista uma visão
ideológica, outra neutra. Errado, de um ponto de vista teórico-científico, é
supor que exista alguma maneira de interagir com a língua desprovida de
ideologia. Digo interagir (e não usar) porque a língua não é mera ferramenta, é
elemento constitutivo da identidade dos sujeitos. É por meio dela (seja qual
for o idioma) que o ser humano significa sua própria existência e o mundo ao
seu redor. É por isso que o domínio pleno da língua materna é empoderador. E,
provavelmente, é pela mesma razão que a valorização do ensino e do professor
seja tão precária em nosso país (é preciso vontade política de empoderar). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Num Estado
democrático e laico, os pensamentos religiosos e políticos devem ser livremente
debatidos e opiniões divergentes devem ser respeitadas. Acreditar, porém, que
existam argumentos neutros é pura falácia. A língua não é um instrumento
promotor de ideologia, ela é ideologia, é vida. E isso não é um mal, é uma
característica, da mesma natureza que o respirar. É redundante, portanto, dizer
que alguém se comunica ideologicamente por meio da língua. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Em celebração
ao dia da língua, tento mostrar que ela é assunto muito mais interessante - sério
e necessário - do que fazem parecer os simples lamentos de que a mal tratamos
com concordâncias equivocadas. Não defendo equívocos normativos - em cerca de
doze anos de ensino fundamental e médio, as escolas deveriam ter condições para
corrigi-los. Mais grave, porém, é essa visão deturpada do que seja linguagem, a
exemplo de como a veem os deputados de Alagoas. Infelizmente, eles não estão
sozinhos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b>Érika de Moraes</b> é Doutora em
Linguística, com ênfase em Análise do Discurso, pelo Instituto de Estudos da
Linguagem da Universidade Estadual de Campinas. Professora da Faculdade de
Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp de Bauru.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: 13.5pt;">***Artigo originalmente
publicado no Estadão Noite de 3 de maio de 2016</span></b><o:p></o:p></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-20815844798423913742016-05-05T10:19:00.004-03:002016-05-05T10:21:13.364-03:00Do lar, da luta e da lua<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O enunciado da revista Veja, causador de polêmicas e
brincadeiras nas redes sociais, não teria tanta relevância se considerado
isoladamente: exalta um tipo de mulher - a bela, recatada e do lar, esposa de
um homem de sorte. A personalidade retratada na matéria merece todo o nosso respeito
como ser humano, como todas as mulheres e homens o merecem, inclusive a esposa
de um político ou a Presidente da República. Criticar o governo é um exercício
democrático (poderíamos criticar suas bases, por exemplo, a aliança PT-PMDB); já
ofender pessoalmente um governante, com xingamentos, é algo bem diferente. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Da mesma forma, ponderar o enunciado de Veja não
significa desrespeito às mulheres belas (somos todas, em nossas lutas e
biótipos), recatadas e do lar. Exercer uma profissão, aliás, não implica deixar
de ter um papel fundamental no lar e, nesse aspecto, os maridos também são dos
lares. Um dos dois, homem ou mulher, teria todo o direito de escolher exercer
apenas uma das funções, mas os tempos são difíceis e, para a maioria de nós, esta
possibilidade soa bastante irrealista. Hipoteticamente temos a escolha, porém,
é do trabalho fora do lar que vem nossa renda, com os devidos impostos retidos
na fonte. Assim, dividir a responsabilidade no sustento e no cuidado com o lar
é mais do que uma opção para a maioria dos brasileiros, é uma necessidade. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A questão-chave, sobretudo, é inserir o enunciado em
seu tempo, espaço e circunstâncias. Sabe-se que os direitos das mulheres são
conquistas historicamente recentes. Sabe-se, também, que a referida revista tem
um posicionamento ideológico claro (o que nem seria um problema), o qual busca
referendar por meio das sutilezas da linguagem. A linguagem permite que se diga
sem dizer, por meio dos implícitos, os quais podem ser reconstituídos com a
inserção, nas análises, das condições históricas de produção dos enunciados. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Estabelecido o quadro, circulam fotografias de
mulheres de todo o país, acompanhadas da hashtag #belarecatadaedolar. Do tema,
já muito comentado, chamo a atenção para um efeito de sentido: de modo geral, a
foto de bar tornou-se representativa da necessidade feminina de explicitar que
pode ser o que quiser. Compreensível: a quebra de estereótipos exige rupturas
drásticas que, ao menos temporariamente, constroem dualidades redutoras (algo
em comum com Petralha X Coxinha). O ponto é: não seria outra forma
(inconsciente) de dizer que ter liberdade é assumir certo papel, tipicamente
associado ao mundo masculino? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A sociedade “aceitou” a mulher no mercado de
trabalho (com as conhecidas restrições: salários mais baixos em média, menos
mulheres em funções de liderança etc.), mas está longe de aceitar a
sensibilidade (culturalmente associada à feminilidade). É como se eu precisasse
dizer: “sou mulher, mas sou firme, não choro”. Avançado seria um mundo em que
homens e mulheres se sentissem no pleno direito de chorar quando quisessem. Em
que pudéssemos ser tão aceitos num dia de lágrimas quanto num dia de firmeza.
Que não precisássemos negar o lar nem as lutas para nossa autoafirmação. E,
licença poética, que pudéssemos apreciar a lua sem tantas preocupações. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<b>Érika de Moraes</b> é Doutora em
Linguística, com ênfase em Análise do Discurso, pelo Instituto de Estudos da
Linguagem da Universidade Estadual de Campinas. Professora da Faculdade de
Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp de Bauru.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p><b>***Artigo originalmente publicado no Estadão Noite de 25 de abril de 2016</b></o:p></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-56141762329953817242016-03-24T19:01:00.000-03:002019-04-29T16:48:12.984-03:00Minha carta às crianças do Brasil<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2zAsCXWtst8rs2FVaWIaBsxZ58DZnPPuOQvqNWvK57fS3rvgDzGCXRxLewqAL-mj7hzE53AZN8patqZbJOR3873aCDwPNfXd0fa_X7gI2L_adcyE4qVyMVYN3VGNusPTbRoL6v7UqELY/s1600/IMG_5319_b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="297" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2zAsCXWtst8rs2FVaWIaBsxZ58DZnPPuOQvqNWvK57fS3rvgDzGCXRxLewqAL-mj7hzE53AZN8patqZbJOR3873aCDwPNfXd0fa_X7gI2L_adcyE4qVyMVYN3VGNusPTbRoL6v7UqELY/s320/IMG_5319_b.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<b>Queridas crianças,</b><br />
<b><br /></b>
<br />
<div class="MsoNormal">
<b><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Escrevo para vocês. </b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se ainda for pequena, papai, mamãe, titia ou algum
responsável poderá ler para você.</div>
<div class="MsoNormal">
Este mundo está complicado. Tem violência em toda parte.
Brigas por política aqui no Brasil, atentados terroristas do outro lado do
mundo. Tem mosquito, dengue e zika. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas, acalme-se. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Vou dizer por que vai dar tudo certo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Vai dar certo por causa de VOCÊ. Você pode construir um mundo melhor. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu não sou mãe, mas sou titia, professora, amiguinha
e tenho uma irmã mais nova. Brinquei com ela de tudo, de boneca a escolinha. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sou professora dos maiores, dos jovens que já estão na
faculdade. Também sou pesquisadora e escrevo alguns textos que poucas pessoas
leem, mas sempre que alguém me diz que leu e aprendeu algo, fico
muito feliz, porque não escrevo apenas para contar ponto no Lattes (<i>não se
preocupe em entender esse Lattes agora, é coisa do mundo dos adultos</i>). Já escrevi sobre <a href="http://revistas.gel.org.br/estudos-linguisticos/article/view/507/384" target="_blank">desenhos de crianças palestinas</a>, sobre a <a href="http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44502013000300005&lng=en&nrm=iso&tlng=pt" target="_blank">Mona Lisa</a> e outras
coisinhas mais. Agora, é com você que quero conversar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tenha muito amor no seu coração porque o amor só traz de
volta mais amor. Tente obedecer a seus responsáveis, porque eles querem o seu
bem. Mas, se algum dia, papai, mamãe ou vovó gritar com você, pode ser que essa
pessoa só esteja precisando de um abraço seu. Eu sei, é difícil de entender.
Mas é que alguns adultos, às vezes, brigam com as crianças porque também
precisam de amor. Tente fazer um cafuné na mamãe, dê um beijinho na testa do
vovô. Eu não sei quem cuida de você, mas diga para essa pessoa que é bom tê-la
por perto. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não deseje a morte, não tenha ódio de ninguém. Você pode
pensar diferente de outras pessoas, pode até não gostar de algumas, mas não
pode desejar o mal. Não pode, porque todo mundo é um ser humano e merece
respeito. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Você pode não gostar das ideias do outro. E é verdade que
existem pessoas que praticam o mal, não quero que você seja uma delas. Porque
se você, criança, for uma pessoa boa, um dia só teremos pessoas boas no mundo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Pode ser que alguém já tenha magoado você muito, muito. Eu
sei. É difícil entender. Mas saiba que todo mundo comete erros e, infelizmente,
alguém pode ter errado com você. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Desejo, sinceramente, que você só tenha pessoas boas e
amáveis ao seu lado. Tudo que você precisa nesse momento é de amor, de
sorrisos, de alimento, de educação. Tenho alguns conselhos práticos para você. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="color: blue;">CONSELHOS DE UMA AMIGA MAIS VELHA...</span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Estude. Estudar não é uma coisa chata que você deve fazer
por obrigação. É algo maravilhoso, que vai abrir muitas portas e janelas pelo
mundo. Estudando agora, mais tarde você vai ter mais chances de ter um bom
emprego e de realizar sonhos, como viajar, conhecer lugares lindos. Há crianças que terão menos oportunidades do que você,
agarre as suas e, se puder, ajude as outras.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Folheie livros de papel. Eu sei que a tecnologia é muito
legal (eu mesma estou escrevendo em um tablet), mas não perca o encanto dos
livros. Se você ainda não sabe ler, não tem problema. Folheie, invente suas
próprias histórias com as figuras. E, quando puder ler, vai ver quanta coisa
incrível poderá descobrir! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tenha um caderno. Não deixe o caderno morrer! Mesmo que sua
escola for ultramoderna e você utilizar computador, saiba que os cadernos são
mágicos. Podem pular fadas e duendes de dentro deles, tudo depende da sua
imaginação. Na voz de um poeta, o caderno faz um pedido a você: "só peço a
você um favor, se puder, não me esqueça num canto qualquer". Você pode atender o pedido do caderno!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Treine a letra cursiva. Ela é linda, dá firmeza às mãos e
aos pensamentos. Pode ser que alguém tenha dito que a letra manuscrita já não é
importante ou necessária por causa do computador. Eu não concordo. Se alguém
disser que a letra de mão não é útil, eu rebato: o mundo não precisa só de
coisas úteis!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esse é outro conselho. Duvide de que existe uma real
separação entre o útil e o inútil. Não pense que só as coisas práticas e
imediatas são importantes. Um exemplo: tomar banho e se alimentar é importante,
é útil para a sua saúde. Ter um tempo sozinho ou sozinha, consigo mesmo(a),
também é muito importante! É assim que as ideias aparecem, que você fica
mais inteligente e criativo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Deixe a imaginação rolar. Desenhe coisas bonitas e coloridas.
Mas, se tiver vontade de desenhar algo triste, desenhe, depois tente conversar
com um adulto sobre seu desenho.<br />
<br />
Saiba: inteligência é algo valioso. Mas a
bondade do coração é ainda mais. Se, em algum momento, precisar escolher, escolha
sempre o bem. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ser "o melhor" da turma ou ter uma boa profissão é bacana. Mas ser honesto e justo é
muito mais importante.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Escute o canto dos bem-te-vis. É tão bonito! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Cheire as flores. Faça um leve carinho nelas, elas também
são seres vivos. Os animaizinhos de estimação também merecem cuidados (eu não
sou muito acostumada com eles porque eu era alérgica e cresci com medinho. Mas
jamais pensei algo mau sobre eles!).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sonhe, de olhos abertos ou fechados. Acredite em todos os
seus sonhos. Se tiver um pesadelo à noite, chore, conte para um adulto de sua
confiança. Eu te juro que, assim, a dor vai passar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Observe as pessoas e aprenda em quem pode confiar. Com o
tempo, isso vai ficando mais fácil. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sorria para os adultos, isso amolece o coração deles e deixa
o mundo muito mais bonito. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sabe, as coisas estão tão complicadas, que eu já li até que
foi preciso inventar um <b>curso de "desaprincesamento"</b> para meninas.
Vou tentar explicar: é que nem sempre a vida garante um final feliz, um
encontro com o seu príncipe encantado. É verdade. Tem um ditado que diz: "é
melhor estar só do que mal acompanhado". Eu tive sorte de encontrar um bom
namorado que se tornou meu marido. Mas, acredite: ninguém merece sua companhia
se não trata você com amor e respeito. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tanto meninas quanto meninos merecem respeito. Não xingue a coleguinha,
pense que poderia ser sua irmã. Pense bem no que diz. Quando eu era
pequena, olha que brincadeira boba as meninas faziam na escolinha (e eu, bobinha, muitas
vezes participava). Xingávamos os meninos assim: "mulherzinha, só falta
uma calcinha", sem perceber que estávamos xingando a nós mesmas!!! Só fui
notar isso mais tarde. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Depois de esclarecer isso, eu digo que lamento a gente
precisar "desaprincesar". Meu pai me contava contos de fadas todas as
noites e é uma lembrança tão linda que eu tenho dele! Ele já não está comigo,
agora mora no céu. Não sei como é lá, mas imagino que seja como um lindo
jardim. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Minha mamãe está por perto e foi ela que me fez lembrar, por
esses dias, da música <b><i>O Caderno</i></b>. Isso acabou me inspirando este texto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu ainda acho que a vida pode ter magia, sonho, encanto,
bondade. Você acha? Se você achar, a resposta é SIM, porque VOCÊ é o futuro. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="color: blue;">NÃO PERCA JAMAIS ESSE SABOR DE INFÂNCIA!!!<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sabe esse prazer que um simples galho de árvore pode trazer, se você, transformá-lo, por meio da imaginação, em ferramenta de um grande artista? </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sabe o cheirinho de fruta saborosa? O pezinho na areia perto da água do mar? </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sabe o poder de uma folha de papel que pode se transformar em barco ou avião, se você dobrar direitinho? </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não perca isso. Saiba levar isso para a vida adulta. Você vai entender que as melhores coisas não são compradas com dinheiro. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pode ser que nem tudo do que eu disse esteja totalmente
certo. Eu sou humana e também posso errar. Mas é de coração. Senti que minha
missão deste dia era escrever para você. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Feliz Páscoa. Que o coelhinho traga muita paz e alegria para
seu coração. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Um abraço carinhoso, <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<b>Érika de Moraes</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
* * * </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
PS: Vou indicar um vídeo para você do Youtube, com a letra da música O Caderno, de Toquinho e Vinicius:</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://www.youtube.com/watch?v=dFb1jKEzER0" target="_blank">O CADERNO</a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
* * * </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-79963787050744398752016-02-04T19:55:00.001-02:002016-02-04T19:56:19.819-02:00CRÔNICA - Dias claros como a neveCrônica da estudante Larissa Borges Caliari (Jornalismo - Unesp) inspirada em notícia real.<br />
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Dias
claros como a neve</span></span></b><o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">por Larissa
Borges Caliari</span><o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Acordo de manhãzinha e sinto
o dia frio, ouço o papai chamando a mamãe para olhar a paisagem da janela. Ela
se anima e ouço seus passos quando levanta da cama correndo. Os dois falam
sobre a neve, em como ela deixou a paisagem branquinha durante a noite. Os dias
mais frios são sempre muito animados aqui em casa. A voz da mamãe se torna mais
doce e calma, e a do papai mais confiante e serena.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Fico imaginando como é a
paisagem, me esforço para enxergar a mamãe e o papai, vejo o vulto deles,
abraçados, olhando um para o outro. Então, eles caminham em minha direção,
sinto o perfume do papai, que acabou de tomar banho para ir ao trabalho. Ele
coloca um cobertor quentinho em cima de mim, enquanto a mamãe coloca a mamadeira
em minha boca. Ouço o som de lenha queimando na lareira, de água fervendo para
o chá, da batedeira funcionando. Logo em seguida, sinto o ambiente
aconchegante, o cheiro de chá e de biscoitos assando.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Percebo tudo a minha volta,
mas tem coisas que não são muito claras para mim. Como o cabelo brilhante da
mamãe, que o papai diz que fica lindo com aquela touca azul-marinho, ou a
diferença de cor entre o cabelo e a barba dele, que ela diz ser um charme
único. As cores, formas e movimentos se confundem diante do meu olhar, mas sei
que os dois são as pessoas mais bonitas que já vi.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O papai sai pra trabalhar
logo de manhã, e mamãe vai perto da hora do almoço, quando a vovó chega com
seus passos lentos e silenciosos e me pega no colo por horas, como todos os
dias. A sua roupa é macia, o perfume suave e a voz sempre reconfortante. Hoje
ela está mais feliz, percebo a ansiedade em seus movimentos e imagino que deve
ser por causa da neve, que alegra os dias da família toda.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Percebo que está ficando
tarde, os dois não chegaram na hora de costume. O dia já está se tornando noite
e o frio aumenta com o repousar do sol. Então o portão se abre, ouço a conversa
animada e os passos apressados. Mamãe entra e pergunta por mim para vovó, que
aponta em minha direção. Eles vêm até o berço com uma caixinha embrulhada de
presente. Estão conversando comigo, mostram o embrulho, desembrulham e abrem.
Tiram de lá uns óculos, como o da vovó, e percebo que aqueles são pra mim
quando papai traz em direção ao meu rosto. Ele prende atrás da minha cabeça e
encaixa nos olhos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Vejo tudo com clareza, as
imagens são mais coloridas e brilhantes, papai e mamãe estão mais bonitos que
antes, flocos branquinhos estão passando pela janela, é a neve! Vejo como é
felpudo o casaco macio da vovó, como a pele macia da mamãe é branquinha e como
o cabelo cheiroso do papai é encaracolado. Não consigo conter minha felicidade,
sorrio para os três e eles sorriem de volta para mim! As risadas agora também
são mais bonitas.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Notícia que inspirou esta crônica:</b> campanha arrecada armações de óculos
para pessoas de baixa renda.</span></span><o:p></o:p></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-59372642055963785502016-02-02T17:45:00.001-02:002016-02-02T17:46:21.702-02:00CRÔNICA - Vinte e trêsSerá que somos apenas um conjunto de números?<br />
Ou seres humanos, com nomes, sonhos, planos, emoções e algo mais...<br />
Texto singelo produzido pela estudante <span style="font-size: 12pt;">Clara
Tadayozzi (Jornalismo - Unesp)</span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right; text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: large;"><b>Vinte e três</b></span></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;"><i>por</i><b style="font-style: italic;"> </b></span><span style="font-size: 12pt; font-style: italic;">Clara
Tadayozzi</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;"> </span><b><span style="font-size: 12pt;"> </span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">-
Ela era bonita? – perguntou, depois de certa hesitação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">-
Para mim, a mais bela de todas – ele respondeu com visível ternura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Naquele
quarto frio de hospital, a visita diária às vezes trazia assuntos inusitados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Ele
prosseguiu relatando o pouco que sobrou de uma vida memorável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">-
Nunca me esqueço do dia em que pedi sua mão. Namorávamos já havia algum tempo,
às escuras. Ela era apenas um ano mais nova do que eu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Nunca
senti tanto receio em toda a minha vida; seu pai era tido com respeito, temido
por todos os peraltas da cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">E
eu, para a surpresa de todos, acabei sendo aceito naquela humilde família.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Logo
criamos nossa pequena rotina, naquela vida adorável de recém-casados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Aos
fins de semana, costumávamos sair para comer fora e depois pegar um cinema.
Pegávamos carona com o metrô e ficávamos entre curtas carícias durante o longo
percurso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Quando
o filme terminava, eu já aguardava a doce pergunta: "Voltemos a pé?",
e com um breve sorriso, assentia com a cabeça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Logo
pegava o seu par de sapatos, e saíamos a caminhar sob o céu noturno. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Não
tínhamos pressa alguma, esperávamos o belo amanhecer naquelas familiares ruas
de São Paulo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Havia
uma feira pela manhã, próxima a nossa singela residência. Eu comprava sempre
dois pastéis para o desjejum. E então, voltávamos para casa e dormíamos até
mais tarde.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Foram
os dias mais felizes da minha existência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Quando
soube que ela estava grávida, tratei de encontrar um ofício a mais, e logo
aumentei nossa pequena casa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Providenciei
tudo o que um pai poderia proporcionar a uma querida filha. Obtive ajuda de
diversos amigos e, por fim, um mundo isento de necessidades e repleto de amor a
aguardava, ansioso por conhecê-la.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Lamentavelmente,
nunca teve a chance. Por um falho ato médico, subitamente perdi tudo o que
tinha de valor neste mundo, até mesmo antes de ganhar. Um maldito fórceps, uma
inestancável hemorragia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Há
quem me cobre processos jurídicos, mas dinheiro algum as traria de volta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Foi
como se o meu querido órgão cardiovascular se partisse em milhões de pedaços,
que até hoje não consegui reunir. O lindo enxoval foi doado, com porções de
minha alma embutidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Parei
de viver por um eterno período de tempo. Nunca deixei de sentir a imensa dor
que se apossa do corpo em grandes perdas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Saí
pelo mundo, a vagar por entre as cidades mal distribuídas; conheci os cantos
deste país, e até de outros. Mergulhei em diferentes oceanos, presenciei
acontecimentos inesquecíveis. Jamais algo me preencheu novamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">A
menina escutava comovida, sem saber como organizar as palavras que lhe surgiam
na mente, para saírem adequadas da boca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Lacrimejava,
mas impedia que caíssem de seus olhos as gotas ansiosas por nascer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt;">Deu
um sincero beijo em suas mãos calejadas e manteve-se em silêncio.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">-
Sou o número vinte e três da lista de transplantes – ele então lhe disse.</span></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-30102347271297327342016-01-29T15:23:00.000-02:002016-01-29T15:23:21.235-02:00CRÔNICA - Como explicar pro Fernandinho?Mais uma crônica para encarar preconceitos.<br />
Texto da estudante Amanda Casagrande (Jornalismo, Unesp)<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><b>Como explicar pro Fernandinho?</b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>por Amanda Casagrande Mela </i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Um
homem, uma mulher e o filho. Era a tradicional família brasileira do século XXI.
Os pais andavam preocupados em como explicar a situação pro filho de 8 anos. Nessa
idade, a mentalidade ainda estava se formando e eles estavam com medo que a notícia confundisse ou
influenciasse o menino Fernando. Tão criança, não sabia nada da vida ainda,
coitadinho. Precisava aprender a lidar com a situação. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> A
mãe ficou indignada ao saber que sua irmã aceitou numa boa. Ela, por sua vez, levou
dias pra digerir a situação e até relutou bastante diante da
"escolha" do sobrinho. O pai de Fernandinho ficou pasmo no início,
mas depois comentou com a mulher: "eu sempre soube que uma hora isso ia
acontecer, o seu sobrinho sempre teve jeito pra essas coisas". <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Depois
de algumas noites mal dormidas, o casal decidiu que seria o pai que contaria ao
filho. Acharam que seria melhor o Fernandinho ouvir isso de uma figura mais
imponente. Talvez ele nem fosse influenciado pela situação se um homem másculo
o bastante lhe desse a notícia. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> -
Filho, o papai quer te falar uma coisa. Seu primo William vai viajar com a
gente, mas vai acompanhado. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Os
dois ficaram em silêncio. Fernandinho, que estava jogando UFC com o olhar fixo
no videogame, nem deu bola pro que tinha acabado de ouvir. Mas o pai continuou
mesmo assim:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> - Ele
vai levar o namorado para o Guarujá com a gente. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> O
jogo foi pausado quase que instantaneamente. Bastou o garoto apertar um único
botão do controle que estava em suas mãos. Ele olhou pro pai com o rosto
confuso.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> - Mas
pai... Como assim? <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> - Eu
sei que é estranho, mas...</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> -
Muito estranho. A mamãe falou que íamos pra Ubatuba. </span></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-86776465184823057442016-01-28T19:34:00.000-02:002016-01-28T19:34:06.215-02:00CRÔNICA - O desfile das divasProdução do meu aluno Wesley Anjos (Jornalismo, Unesp)<br />
Um texto para enfrentar preconceitos!<br />
profa. Érika<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">O desfile das divas</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10pt; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10pt; text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>por Wesley
Anjos</i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10pt; text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><br /></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Todo final de ano era assim: as famílias
reunidas na praia e a Zezé se metendo a falar do tal do feminismo. Lourdinha
sempre torcia o nariz com desdém. Dessa vez, com cara de quem comeu e não
gostou nadinha, pôs-se logo a argumentar:
“Credo! Deus que me livre dessa pouca vergonha. Outro dia vi uma tal
Marcha das Vadias. Se elas gostam de se aparecer como vadias, por que não
gostam de ser tratadas como tal? Safadeza, isso sim!”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">-<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Você reproduz o discurso que eles querem que
reproduzamos, sem ao menos perceber.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">-<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Muito pelo contrário. Aprendi com a minha
mãe, que aprendeu com a minha avó.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">-<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Que assim como você reproduziram sem reclamar
o que os machistas queriam!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sônia tratou logo de falar da beleza da
praia. Queria era evitar que a discussão se estendesse. Todo ano era igual. Para
que discutir? Para que arrumar mais problemas? As coisas não podiam ficar como
estavam? Não podia, não! Não para Zezé, que acreditava que o machismo era uma doença
que só podia ser curada se fosse medicada. Mas, devido à insistência de Sônia,
as quatro acabaram entrando no assunto. O sol, o mar, a areia... Ah! Aquilo tudo era bom demais. Até que,
espere aí! Foi Teresa quem se exaltou dessa vez:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">-</span><span style="font-size: xx-small;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Olha o biquíni daquela rapariga ali, todo
enterrado naquele lugar. Essa não é moça de respeito.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">-<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">E o que seria uma moça de respeito?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">-<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Ora, sabemos muito bem que pra homem tem
mulher pra casar e mulher só pra molhar o biscoito. Essas biscates servem pra
isso.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">-<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Por isso que tem tanto homem traindo. Culpa
dessas vagabundas! – opinou Lourdinha.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Para quê? Zezé ficou com a cara de um bicho e
tratou logo de contra-argumentar:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">-<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Pois fique sabendo que, no caso, quem se
comprometeu com um casamento que tem de zelar por ele. Parem de reproduzir
esses discursinhos machistas! Então querem dizer que o homem trai e não tem
culpa por isso?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">-<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Ora, agora preciso falar – Teresa tentava
justificar. – Homem é homem. A gente sabe que homem tem a carne fraca. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">-<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">É sempre assim! Eles sempre usam essa
desculpa e a culpa cai sempre nas nossas costas. Não percebem?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">-<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Ah, isso é – disse Teresa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">-<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">É bem verdade – concordou Lourdinha.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">-<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Pois queria eu ter esse corpinho para
desfilar de biquíni – riu Sônia. – Depois dos quarenta a gente
entrega pra Cristo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Foi então que Zezé retirou a tanga e a
blusinha. Exibiu o seu biquíni com orgulho. Como é que ela tinha coragem de
mostrar aquelas estrias e celulites? Depois de dois filhos e certa idade,
mulher nenhuma era mais a mesma, disseram logo as outras três.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">-<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">As marcas do meu corpo são lindas, assim como
ele. Elas refletem as mudanças que ele passou. E cada etapa dessa vida valeu
muito a pena.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pegou a sua bolsa. Retirou um estojo e
um espelhinho. Passou um batom vermelho e distribuiu para as demais. Quando se
deram conta, estavam todas passeando com as bocas pintadas e os corpos à
mostra. Aquela brincadeira fez com que se sentissem divas. E o eram. Zezé não
deixava de repetir que é preciso ter muita coragem e força para ser mulher
nesse mundo, para lidar com os mistérios do seu corpo e com aqueles seres que
mijavam em pé e queriam ditar as regras.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
* * * * *</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<b>Confira outras crônicas nas postagens abaixo</b></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-45213533890227051092016-01-27T17:13:00.000-02:002016-01-28T19:12:12.901-02:00CRÔNICA - A morte e a letra "M"A estudante Isabela Holl (Jornalismo, Unesp) escreve sobre o tempo, sobre a vida...<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><b>A morte e a letra “M” </b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><i>por Isabela Holl </i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> João tinha 6 anos quando tirou a roupa, abriu a porta do box e ligou o chuveiro. Assim que a
água tocou o seu corpo, seu coração disparou, sua respiração ficou mais rápida e, naquele
momento, tomou consciência de uma coisa: um dia ele iria morrer. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Talvez você, leitor, já tenha experimentado esta sensação única e difícil de descrever. É
quando seu organismo, seu cérebro e seu coração percebem que são efêmeros. O pânico
se espalha aos poucos; célula por célula. É normal ter pensamentos como “Isso não é
justo!”, “ Isso não pode ser verdade!” ou “Por que, Deus?”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> E, para piorar ainda mais, temos o Senhor Tempo. Ele não costuma ajudar, pois ele tem a
mania de passar rápido demais. Atualmente, um estranho fenômeno acontece: o Tempo
parece realmente ter perdido a paciência. Não se sabe muito bem o motivo, mas ele está
correndo cada vez mais rápido. Isso faz com que as crianças logo virem adolescentes e os
adolescentes virem adultos e por aí vai. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Assim aconteceu com João, já estava grandinho, mas ainda não tinha superado muito bem
esse papo de morte. "Realmente não é justo, 9 meses de gestação, 22 anos na escola e o
resto da vida construindo uma carreira. Por que, se vamos morrer?". Se revoltava, também,
quando lia aquele clichê "vieste do pó e ao pó retornarás", João teimava: "não me lembro de
ter vindo de pó algum e sim da barriga da minha mãe, onde estava bem úmido por sinal".
Ele concluiu que era necessário aproveitar a vida, já que todos iríamos, um dia, chegar ao
fim. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Mas ele foi se tornando adulto e daqueles bem ocupados. E foi esquecendo esse assunto,
afinal, tinha muita papelada do escritório para analisar e aquela pós graduação que deveria
fazer. Uma vez, uma mulher apareceu na sua vida, mas ela acabou indo embora, porque ele
não tinha muito tempo para ela, assim como não tinha tempo para os finais de semana ou
para qualquer outra coisa. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> João tinha 50 anos quando olhou para o relógio, faltava meia hora para o fim do expediente.
Assim que tirou seus olhos do relógio, seu coração disparou, sua respiração ficou mais
rápida, e naquele momento, tomou consciência de uma coisa: um dia ele iria morrer. E se
permitiu refletir um pouco sobre sua vida. Tinha passado tempo demais no escritório, pouco
tempo viajando, vendo os amigos ou fazendo qualquer coisa ao ar livre. E tinha aquela
moça, como ela chamava mesmo? Mariana? Márcia? Era alguma coisa com a letra “M”, não
conseguia se lembrar há quanto tempo ela tinha ido embora. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Decidiu que iria recuperar o tempo perdido e, pela primeira vez, se permitiu sair mais cedo
do trabalho. Andou pelo quarteirão animado consigo mesmo e sem pensar em nada. As
pessoas na rua ouviram um estrondo e rapidamente olharam para ver o que tinha
acontecido. Um letreiro velho decidiu que era a hora de despencar e justamente em cima do
João. Ele ergueu o pescoço e pôde ver a letra que o acertara: era um “M”. Lembrou que o
nome da moça era Mariana e não deu tempo de lembrar mais nada. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Realmente não é justo.</span></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-52627499283051129582016-01-26T15:50:00.000-02:002016-01-27T17:14:03.083-02:00CRÔNICA - O ano em que avistamos uma nova primaveraCrônica politizada da minha aluna Gabriella Soares dos Santos (Jornalismo / Unesp) sobre o louco ano de 2015.<br />
Profa. Érika<br />
<b style="font-family: arial; line-height: 24px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br /></span></b>
<b style="font-family: arial; line-height: 24px; text-align: center;"><span style="font-size: large;">O ano em que avistamos uma nova primavera</span></b><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 12.0pt;"><i>por Gabriella Soares dos Santos </i></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 12.0pt;">Analisando as principais
manchetes dos jornais de 2015, consigo observar que esse foi um ano dramático e
que ficará marcado para todos, seja pelos seus momentos positivos, seja pelos
negativos. Nesse sentido – e admito de início: assumo aqui uma postura positiva
–, é impossível não perceber que esse ano significou um marco para os mais
diversos movimentos e as mais diversas causas ao redor do mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 12.0pt;">Vimos atentados
terroristas abalarem os pilares da democracia ocidental ao mesmo tempo em que
testemunhamos o maior movimento migratório desde a Segunda Guerra Mundial com
suas trágicas consequências. Vimos a corrupção em sua forma mais clara, junto
com o mar de lama que dela se originou, destruir fauna, flora e vidas.
Observamos e sofremos com a violência policial, que, de tão frequente,<a href="https://www.blogger.com/null" name="_GoBack"></a> se tornou impossível de ser ignorada, seja contra negros
nos Estados Unidos ou contra professores e alunos no Brasil. Nesse ano, vimos
um pouco de tudo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 12.0pt;">Entretanto, foi também
em 2015 que presenciamos uma nova primavera dos povos, como muitos colocaram.
Mulheres, homossexuais, negros, trabalhadores, cidadãos: todos eles tomaram as
ruas e promoveram ações para defender seus direitos assim como aquilo em que
acreditam. A população tomou as ruas em São Paulo contra o aumento das tarifas
de transporte; no Paraná, os professores lutam pelos seus direitos
trabalhistas, enquanto no Chile são os alunos que tomam as ruas pela educação;
as mulheres são firmes e constantes ao reivindicarem seus direitos individuais,
políticos e sociais em todo o mundo e em Nova York vemos a questão negra voltar
a ser central.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 12.0pt;">O sentimento que
prevalece após esses acontecimentos é a esperança de que essa nova Primavera
tenha um caráter muito mais duradouro do que suas antecessoras. Que as demandas
expressas no ano passado não sejam colocadas em prática de forma tão efêmera e
descompromissada como ocorreu nas revoluções liberais de 1848. Também é um
desejo que vejamos resultados mais animadores do que aqueles que a maioria dos
países que participaram da primavera árabe podem observar atualmente, seja no
contexto político, social ou dos próprios direitos humanos. O melhor fruto que
pode vir do protagonismo dos movimentos sociais nesse último ano é a
possibilidade de não termos como voltar atrás, é a possibilidade de não
retrocedermos; é o maior desejo de qualquer um que esteja lutando ou que saiba
valorizar a luta por uma sociedade verdadeiramente democrática.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 12.0pt;">Quero acreditar que a
única opção lógica que nos resta é seguirmos em frente. Não vejo como uma
alternativa fecharmos os olhos, não agora que eles foram abertos, escancarados,
mesmo nos momentos e para aqueles que não desejavam. Ignorar a violência
policial não é mais a única opção, pelo contrário. Se os acontecimentos no
Paraná, em São Paulo, no Rio de Janeiro e nos Estados Unidos nos ensinaram
alguma coisa é que o silêncio não é mais viável, ou pelo menos não deveria ser.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-88608325183186467152016-01-25T21:21:00.000-02:002016-01-26T15:50:45.042-02:00CRÔNICA - Uma foto para registrar Chá LíquidoJá visitei algumas cidades imaginárias.<br />
Com a aluna <b>Karina</b>, conheci Chá Líquido.<br />
Espiei-a pela janela do trem e voltei para cá.<br />
Afinal, amanhã tenho aulas com esses alunos criativos!<br />
Profa. Érika<br />
<br />
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Uma foto para registrar Chá Líquido<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">por Karina Francisco<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Era dezembro na cidade de Chá Líquido, Ana
estava caminhando pelas ruas a apreciar e fotografar os enfeites natalinos. Ela
ainda não se adaptara totalmente à nova cidade, em que todos estavam sempre correndo,
em busca do que comprar, do que consumir, do que fazer para ganhar dinheiro,
fugindo de compromissos profundos demais. Era muito frio se comparado a Ferra
Maciço, onde nascera. Mas ela tinha sua câmera, e com ela ficava horas
registrando seus pensamentos e sentimentos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ana continuou seu caminho, seu namorado
estava atrasado como sempre, parecia nunca se importar com horários,
compromissos ou qualquer assunto que demorasse muito a acabar. Ana não ligava,
achava engraçada essa aversão de seu namorado em se apegar a objetos ou
indivíduos. Ele era uma boa pessoa mesmo assim, valia uma foto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Desistindo de esperar no frio, Ana entrou na
loja de sua mãe, que vendia quitutes e estava sempre cheia de ávidos
consumidores imediatistas e ansiosos por devorar as comidas tão gostosas do
lugar. Em meio a tantos gordinhos, Ana sempre se sentiu excluída, pois era
magrinha e ativa, constantemente correndo para lá e para cá, em busca de uma
boa fotografia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em sua escola, todos a achavam esquisita,
perguntavam se ela não tinha nada para se ocupar, ou o que estudar. Todos
estavam sempre apressados pelos corredores, mas corriam contra o tempo, pois
havia muita tarefa a ser feita. Ana sempre investia em sua felicidade e suas
fotos na antiga cidade. Tinha poucos amigos, os quais valorizava muito. As
pessoas ajudavam umas às outras e sempre havia trabalho para todos em Ferro
Maciço. Mas aqui, em Chá Líquido, as quantidades é que valiam, e ninguém
parecia realmente se importar com o outro, pois a competição é que regia as regras
da cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para ajudar sua mãe no movimento da loja, Ana
foi fazer uma entrega especial na casa de um cliente, e após tirar algumas
fotos com sua máquina, decidiu visitar seu pai na empresa onde tinha
começado a trabalhar, motivo pelo qual toda a família teve de se mudar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A empresa era grandiosa e, sem ser notada,
Ana foi entrando. Mas seu pai estava ocupado demais para atendê-la, dizia a ela
que alguém precisava ganhar dinheiro. Ana achou esquisito, para ela seu pai já
tinha conseguido dinheiro demais em Chá Líquido, mas ele respondeu-lhe que
“ainda era pouco, sempre é pouco.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mesmo assim, Ana gostava da cidade. Via
oportunidades aos montes, outdoors sempre convidativos, muito entretenimento
agitando o município. O lazer e o descompromisso pareciam reinar. Porém, a
pressão era demais, seus pais e namorado queriam que ela se adaptasse, que
buscasse ascender profissionalmente, ganhar muito dinheiro e comprar tudo que
desejasse, além de largar a câmera, pois não havia futuro nela. Ana não
desejava comprar nada, apenas correr livre pelos campos com suas fotos, mas não
a deixavam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um dia, ao acordar, percebeu que sua máquina
havia sumido. Foi procurar e não encontrou nem suas fotos, que com tanto amor
arquivara. Desesperada, Ana começou a chorar, queria de volta sua câmera e seus
álbuns, os quais tinham sido todos vendidos, lhe disseram. Em uma insensata e
louca procura, ela andou a cidade toda, perguntou a todos que conhecia e não
encontrou nem vestígios. Ana tinha medo de se esquecer do que estava nas fotos,
sua antiga cidade e amigos, seus valores e felicidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ana ficou sem rumo por um tempo, a andar no
meio dos apressados, sozinha e deprimida. Seus pais, para fazê-la ocupar a
cabeça, a matricularam na faculdade de Direito e em outros tantos projetos de trabalho.
Ana se atarefou tanto que não teve mais tempo para lembrar de sua câmera. Ela,
agora, tinha compromissos, aspirações, objetivos e nada do que viera ou fora
antigamente importava mais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ana cresceu e conseguiu tudo o que queria
desde que entrara na faculdade: casou, teve filhos, comprou casa e carro. E em
um belo dia, remexendo no porão, encontrou sua câmera e seus álbuns escondidos
embaixo do assoalho. Ao olhá-los, Ana gritou:<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">- Preciso de mais um saco de lixo aqui em
cima, por favor!<o:p></o:p></span></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-27502212547188225492016-01-23T19:19:00.001-02:002016-01-26T15:55:00.707-02:00CRÔNICA - Surpresa de Ano Novo<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; line-height: 24px; text-align: justify;"><b>Surpresa de Ano Novo</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><i>por <span style="line-height: 150%; text-align: justify;">Lívia Reginato</span></i></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Todo ano já sei
que aquele momento está chegando, começo a pressentir pelo cheiro de panetone
no ar, quando sinto o primeiro aroma de frutas secas, já vou me preparando
psicologicamente... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Chega parente de
todo canto, a casa fica cheia, tem gente para brincar comigo e matar a saudade
em todos os cômodos, é uma alegria só! Sempre fico feliz quando lembram de mim
e ganho algum mimo. Corro de um lado para outro tentando dar atenção a todos,
mas é uma tarefa difícil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Peixe assado,
salada de lentilha, pernil, bacalhau, torta de romã, outros cheiros vão me
animando ao passar dos dias. Às vezes, vou tentar pegar alguma bolinha da
árvore de natal, mas tem sempre alguém para me tirar de perto de lá, acabo
deixando para depois. Se eu der sorte, consigo pegar um pedaço grande de
pernil, é só esperar com cautela, ficar no lugar certo, olhar com jeitinho para
a pessoa certa e pronto: sempre funciona.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Mas quando chega
a noite e todo mundo vai dormir, me encolho na minha cama, sabendo o que está
por vir. Tento não fazer nenhum barulho, a casa está cheia, não quero
incomodar. Ano passado dei umas resmungadas e acordei um dos bebês, acabou que
ninguém dormiu. Este ano vou me controlar, eu prometi.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Os dias passam
nesse clima agitado. À certa altura, minha mãe arruma a mesa de jantar com um
pano bem bonito que era da vó dela. O dia é de fartura, todos muito felizes,
tem comida boa e música o dia todo. Mas eu sei o que está por vir, mesmo que eu
tente aproveitar, uma vozinha lá no fundo da minha mente me lembra, a noite vai
chegar...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Uma das crianças
vem brincar comigo, como cresceu! Me distraio por uns segundos, mas o relógio
começa a badalar: uma, duas, três, quatro. Já sei que chegou a hora: corro para
debaixo da cama da minha mãe. Cinco, seis, sete. Cubro meus ouvidos com minhas
patas, tento não chorar. Oito, nove, dez, onze...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Doze.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Todos gritam
aclamando o ano novo, mas algo está diferente, escuto barulhos ao fundo, mas
não são como nos outros anos. Minha mãe vem me buscar, eu não quero sair, pode
ser que tenha atrasado, tenho medo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Ela consegue me
tirar de debaixo da cama, me leva para a sacada da casa, tem mais gente lá
brindando e se abraçando. Mas quando vejo o céu, ah! Que lindo é o céu! Cheio
de luzes, brilhando por toda parte, escuto alguns estrondos, mas é só isso, e
luzes e mais luzes piscam por todos os lados vindo do parque Vitória Régia. Eu
lato com alegria, que coisa linda! Minha mãe faz carinho na minha cabeça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Que venha 2016!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">* Pela primeira
vez, a queima de fogos da cidade de Bauru utilizou explosivos que fazem menos
barulho, para o bem-estar dos pets e das crianças.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
****</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b>Notinha da professora Érika:</b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: normal; text-align: start;">Tenho algo em comum com os pets de estimação: nunca gostei do barulho dos fogos de artifício!!!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: normal; text-align: start;">Esta foi uma ótima iniciativa da cidade de Bauru, que avançou pelo menos no que diz respeito a esta questão. É pena que muitos cidadãos continuem soltando rojões de maneira desastrosa e perigosa, sem preparo ou planejamento.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b>Lívia Reginato</b> é estudante de jornalismo na Unesp, Bauru.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: normal; text-align: start;">Confira outras crônicas nos posts abaixo!</span></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7580142742785777081.post-39667315229222784212016-01-22T14:27:00.000-02:002016-01-26T15:55:26.141-02:00CRÔNICA - Almas dançantesHoje, a crônica é da estudante <b>Giovana Murça Pastori </b>(Jornalismo, Unesp), uma reflexão poética sobre a vida e o cantar dos pássaros.<br />
Boa leitura!<br />
Profa. Érika<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Almas dançantes</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><i>por <span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Giovana Murça Pastori</span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></i></span></div>
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.35pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">São 6 horas da tarde. Pela rua movimentada passam veículos barulhentos e
a fumaça cinza anuncia o horário do rush. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.35pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Um ônibus sobe a rua do cemitério e, dentro dele, muitas pessoas se
espremem a fim de somente voltar para casa ao final de mais um dia cansativo de
trabalho. As pessoas vão com semblantes fechados, cansados e sérios, a maioria
infeliz, descontente com tudo a sua volta e com sua vida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.35pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O ônibus passa pelo cemitério e aquelas pessoas lembram-se de seus
parentes falecidos, lembram que a vida é curta, e que aquele é o destino de
todos: a morte. Mas somente lembram, passam e esquecem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.35pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Enquanto isso, dentro do
cemitério, quanta ironia, um bando de passarinhos voa sem parar, de um lado
para o outro, por cima das sepulturas, brincam com toda tristeza, melancolia,
depressão de um lugar esquecido pelos vivos, zombam da morte, dançam
alegremente sobre o choro de quem ficou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.35pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E quem ficou agora está naquele ônibus que passa pelo cemitério, com cara
de tédio e tristeza, e bem ali do outro lado estão os passarinhos como almas
dançantes em cima das sepulturas, como uma festa dos mortos que passa
despercebida.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.35pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; line-height: 150%; text-indent: 35.35pt;">Todos os dias, no horário do rush,
aqueles passarinhos tentam mostrar a alegria da vida, o real sentido para
viver, mas aquelas pessoas daquele ônibus nunca os percebem, e somente
continuam voltando pra casa, como se não soubessem que um dia serão elas que
descerão naquele ponto do cemitério e serão zombadas por um bando de
passarinhos dançantes, que riem não só da morte, mas sim da falta de vida
daquelas pessoas com semblantes fechados, naquele ônibus lotado de tanta vida
sem vida.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.35pt;">
<o:p></o:p></div>
Érika de Moraeshttp://www.blogger.com/profile/03639433325080603369noreply@blogger.com0