Na Mochila: Paixão pelos livros

Matéria da jornalista Rose Araújo sobre leitura para crianças, publicada na Revista Na Mochila (ed. 35, 2014).
Participei como entrevistada.


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Registro na íntegra, a seguir, a entrevista que concedi à Rose.

Por que os pais devem incentivar a leitura desde cedo?
O papel dos pais é fundamental, ainda mais porque o mundo atual é repleto de estímulos multimidiáticos, o que pode dificultar o interesse pela leitura mais atenta, concentrada. Aos pais cabe esse desafio de ajudar os filhos a encontrarem um ponto de equilíbrio entre os diversos interesses, sem deixar de lado este hábito tão importante que é a leitura. E é na primeira infância que importantes habilidades são assimiladas, interesses são solidificados. Não é impossível, mas é bem mais difícil despertar o interesse pela leitura em um adulto que não vivenciou essa experiência na infância, que não teve o privilégio de associá-la a uma atividade prazerosa e enriquecedora.

Como ler para os pequenos desperta o interesse deles para a leitura?
É assim que os pequenos vão percebendo o prazer que a leitura pode proporcionar. Do ponto de vista afetivo, quando os pais leem para as crianças, também se constrói uma memória positiva: a leitura passa a ser associada a uma atividade prazerosa, aconchegante. Com o tempo e o desenvolvimento da criança, ela vai descobrir um novo prazer, o de praticar essa atividade de forma independente e autônima.

O que muda na vida da criança que gosta de ler?
São muitos os benefícios da leitura. A criança se torna mais concentrada, independente, com raciocínio mais rápido. Seu repertório é ampliado, tanto do ponto de vista do conhecimento de mundo quanto de vocabulário. Sua bagagem cultural é enriquecida, sem falar que a leitura é uma atividade essencial para que a criança evolua, também, em sua própria escrita.

Como o hábito da leitura ajuda no desenvolvimento dos pequenos?
Melhorando a capacidade de concentração, raciocínio, ampliando o repertório para tomada de decisões, abrindo sua mente para diferentes visões de mundo. São habilidades fundamentais para a vida de qualquer ser humano, que vão ajudar durante toda a vida, seja nos estudos, posteriormente no trabalho, na vida social, emocional etc.

Que tipo de livro é indicado para cada faixa etária?
Geralmente, as crianças até três anos vão preferir os livros mais coloridos, com mais ilustrações. A partir dessa idade, já começa a se interessar por textos um pouco mais longos, até chegar aos pré-adolescentes, sendo que o grau de interesse pode variar bastante em cada criança. As editoras costumam trazer as indicações para faixa etária, que, embora corretas de um ponto de vista classificatório, são apenas indicativos. Uma criança bastante estimulada à leitura, por exemplo, pode já se interessar por livros pré-adolescentes a partir dos 7 anos, assim que é alfabetizada. Para outras, esse interesse pode vir um pouco mais tarde, e seu tempo também precisa ser respeitado. 
Considero bastante importante o contato com os livros físicos, sejam de papel, tecido, EVA ou outro material. Os livros de banho, que podem molhar, são excelentes para as crianças pequenas, desde os recém-nascidos. É verdade que, no começo, o livro é um pouco como um brinquedo: a criança vai morder, molhar, amassar. Ela merece ter esse direito, é assim que vai associar a leitura a algo lúdico, divertido e, ao mesmo tempo, enriquecedor. No mundo atual, o contato com a comunicação eletrônica (tablet, celular) é inevitável, porém muitas pesquisas apontam que, ao menos nos dois primeiros anos, a atividade digital não é benéfica para a criança, inclusive do ponto de vista físico (prejuízo para a retina, por exemplo). Já alguns pesquisadores defendem que um contato moderado com os meios digitais pode ter algumas vantagens. Ponderando, acredito que o contato com o livro físico nesses dois ou três primeiros anos traz muito mais benefícios e será determinante para que a criança cresça com interesse pela leitura.

Gibis também são importantes para estimular esse hábito?
Sem dúvidas! Primeiro, porque eles ajudam a criar o hábito da leitura. Depois, porque eles próprios fornecem repertório à criança. Sou fã incondicional da Turma da Mônica. E é também uma forma de estimular a autonomia nos pequenos, transmitindo a mensagem: é importante que você leia, mas tem liberdade para descobrir seu estilo preferido.

Quantos livros a criança deve ler por ano?
É difícil falar em números, porque algumas crianças são tão apaixonadas por livros que poderiam extrapolá-lo facilmente. Agora, se a criança, por exemplo, é agitada, tem dificuldade de se concentrar, os pais podem tentar negociar com ela, elegendo um número: tudo bem, você pode brincar com o que quiser, mas também tenha o seu tempinho de leitura, que seja um por semana (se livros curtos) ou um por mês (quando a fase já é de ler livros mais longos).

Dê algumas dicas que ajudam a criar o hábito da leitura nos pequenos.
Em primeiro lugar, vem o exemplo dos pais. Filhos de pais que leem costumam ter um interesse espontâneo e genuíno pela leitura. Além disso, é importante incentivar as crianças a escolherem livros, seja em livrarias ou em bibliotecas. Também, proporcionar a ela um ambiente adequado à leitura, que permita a ela um momento agradável de silêncio para que possa se dedicar a esse prazer. Se há irmãos de diferentes idades, proporcionar espaços e momentos para que cada um possa vivenciar essa experiência individualmente.

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