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Mostrando postagens de fevereiro, 2010

Vida de doutor é mais que BBB

Desde anunciado que haveria uma linguista da Unicamp no BBB, algumas pessoas me perguntam sobre “minha colega”. Já uma amiga de Brasília, por sua vez, contou-me que acharam que era ela. Na verdade, não conheci a Elenita, apenas somos doutoras pelo mesmo Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp e, coincidentemente, defendemos tese no mesmo dia 19/12/2008. Aviso que não pretendo esgotar o assunto e remeto ao blog de uma outra doutora, chamada Caroline e amiga de Elenita: http://carolinguista.blogspot.com/2010/02/acaso-afortunado.html Não que eu concorde com todas as suas palavras, mas creio que o texto, cuja força admiro, cumpre um papel importante ao oferecer uma visão alternativa ao rotulante artigo de Marcelo Marthe, de Veja (“ Doutora em Barracos ”), ao menos na blogosfera. “ Cada um sabe bem o que faz da própria vida ”, nesse aspecto penso exatamente como Caroline. Quanto à aposta de que “muitos acadêmicos não perdem um capítulo do BBB”, pode até ser, só acho que não é uma regra

Jornalismo e Diploma

Quando "caiu" a exigência de diploma para jornalistas, a imprensa não cansou de noticiar o assunto. Mas passou meio batido que a exigência "voltou". Republico artigo redigido por mim para o Jornal da Cidade, Bauru. 22/06/2009 - Opinião Jornalistas agora sem diploma - estamos preparados para isso? Independentemente de repetir argumentos sobre a queda da exigência do diploma para exercício do jornalismo, farei um relato. Acabo de voltar da Noruega, onde estive em intercâmbio de estudos patrocinado pela Fundação Rotária, tendo a oportunidade de vivenciar a cultura do país durante um mês e conhecer diversos veículos de comunicação. Naquele país, o diploma para jornalistas não é uma exigência. Mesmo assim, em todos os jornais em que estive (em Bergen, Stavanger, Sandnes, Haugesund, etc.), os jornalistas, sem exceção, têm formação universitária. A maioria cursou a faculdade de comunicação, especialmente os mais jovens, ou outras áreas de humanidades, como sociologia e li

Verão na Noruega

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Mais sobre a Noruega, veja minha matéria no caderno de Turismo do JC (Jornal da Cidade, Bauru, 13/08/2009).

Minha viagem em símbolos e ícones

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Representaçao pictórica que o aluno Sérgio Trivelato fez para minha viagem!

Cabeça de bacalhau

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- The head of the codfish - Os Noruegueses acham engracado saber que, no Brasil, todo mundo pergunta onde esta a cabeca de bacalhau. Eh que o peixe ja chega industrializado no Brasil. Entao, o Osvaldo (lider do grupo de Intercambio Rotary) fotografou essa no mercado de peixe. Mas, na verdade, nao estamos em epoca de bacalhau e nao tem muito por aqui atualmente. Tem mais salmao. Mas eis ai a cabeca de bacalhau, direto from Norway. Erling me contou que eh possivel come-la, que as partes da face do peixe sao gostosas. Algumas pessoas dao para os animais comerem. E o Osvaldo contou uma historia assim: um amigo falava que tinha um carro, um Fusquinha, mas ninguem nunca havia visto o tal carro. Ate que um dia o cara apareceu com o Fusca, que ganhou o apelido de cabeca de bacalhau. E a gente comentou que tem muita coisa cabeca de bacalhau nesse mundo: namorada cabeca de bacalhau, diploma cabeca de bacalhau. Eu conheco ate quem tem carro zero pago com dinheiro cabeca de bacalhau... Para mim, a

Preikestolen

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Cheguei ao alto do Preikestolen, em Stavanger, Noruega, com os amigos do Grupo de IGE - intercambio Rotary. Uma experiencia muito diferente e especial. Certamente, mais um desafio vencido em minha vida, assim como foi vir de aviao do Brasil a Noruega. Sao 704m de altura, numa subida de cerca de 2h30 (mais o tempo de descida), com trechos bastante ingremes e rochosos. Cada pessoa tem o seu topo de montanha para alcancar, por isso, quem sou eu para dizer que todo mundo TEM QUE ir ao Preikestolen. Alguns descreveram a sensacao como a emocao inigualavel de estar no topo do mundo. Eu curti, do meu jeito e de forma mais introspectiva. E tive com ainda mais conviccao a certeza de que, como diria Caetano, cada um sabe a dor e a delicia de ser o que eh. Eu senti uma alegria indescritivel no dia em que defendi minha tese de doutorado. Colhia um fruto de 5 anos de trabalho e me sentia segura diante das perguntas instigantes e desafiadoras da banca. Mas nao posso dizer que todo mundo tem que defe

Uma praia na Noruega

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Uma praia na Noruega Demorou um pouco, mas encontramos uma praia na Noruega, em Sandnes. Pouca areia, se comparado ao Brasil. E um frio... (este havia sido um dia quente, com Sol) Mas uma vista linda, com claridade às 11 da noite! A Lua de um lado, o Sol do outro... Postado no meu blog do UOL em: 30/05/2009

Jornalismo na Noruega

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No Estudio da NRK, uma rede de broadcasting norueguesa que produz conteudo para TV, Internet e Radio. Tenho tido a oportunidade de conhecer alguns veiculos de comunicacao aqui na Noruega: em Bergen, Askøi, Stavanger... Eh muito interessante ver como a profissao funciona em outro pais. Aqui, o diploma nao eh exigido para exercer a profissao. Mas, como o mercado eh competitivo, todo mundo tem ampla formacao. TODOS os jornalistas dos veiculos em que estive ate agora tem formacao superior, em jornalismo ou outra area de Humanas, como sociologia. As pessoas gostam muito de noticias locais, e os jornais procuram ser o mais local possivel. Mesmo os jovens gostam de ler o jornal local no papel. Em Askøi, o editor me contou que eh muito comum as pessoas comprarem o jornal para lerem durante a travessia de Ferry Boat. Coluna social eh muito popular aqui tb. A profissao de jornalista pode nao ser a mais bem remunerada, mas em um jornal local o salario fica em torno de 300 mil Kronas Norueguesas p

Brasil X Noruega - algumas curiosidades

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Primeiro, eh necessario dizer que nao procede essa historia de que europeu eh frio... da mesma forma que o Brasil nao tem apenas carnaval... Os noruegueses sao educadissimos, absolutamente respeitadores e abrem o coracao para a calorisidade brasileira! Seguem algumas curiosidades e peculiaridades sobre a Noruega e sobre minha viagem. - Como sabem, o voo eh muuuuuito longo. De Brasil a Amsterdam, viajamos pela KLM, mais de 11 horas, depois fizemos a conexao para Bergen. Havia muitas opcoes de filmes no voo. Assisti a O diabo veste Prada, Vick Cristina Barcelona, ouvi muitas musicas... Curti as comidinhas do aviao e, qnd pensei que nao ia ter mais nada (ja tinha lanchado, jantado...) serviram ice cream. - Por falar em ice cream, vale a pena experimentar o sorvete de massa de Bergen! Curti o de plomme (uma fruta de sabor fresco que combinaria com o Brasil) e o de valnott (nozes). - O pessoal aqui costuma jogar o papel higienico no vaso sanitario, por isso, podemos encontrar banheiro que n

Remember Norway

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Liquimix in Norway!!! Entre maio e junho de 2009, estive na Noruega, participando de um intercâmbio patrocinado pela Fundação Rotária (IGE). Fomos em um grupo de quatro brasileiras (não rotarianas) e um líder de grupo rotariano. No domingo, 17 de maio, participamos das festividades do Dia Nacional da Noruega, em Bergen. É dificil descrever, fiquei admirada com o orgulho que o povo tem do país (seria bom se fôssemos um pouco mais assim...). Todo mundo usando trajes típicos nas ruas! Entramos no desfile com bandeirinha norueguesa e tudo! São quatro parades (desfiles), às 7 da manhã, ao meio-dia e no fim da noite. Aliás, com direito a Sol às 11 da noite!!!

Novos caras pintadas?

Por que será??? Do Uol Notícias, 13/08/2009: "Um grupo de cerca de dez estudantes pediram nesta quinta-feira (13) a saída do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Eles foram conduzidos até a sede da Polícia Legislativa do Congresso para explicar o motivo da manifestação." Nada sei especificamente sobre a biografia desses estudantes. Portanto, não se trata de apologia a eles. Já o histórico biográfico do Sr. José Sarney é publicamente conhecido. Então, pergunto: precisa mesmo explicar o porquê da manifestação? Algo a ver com atos secretos? Postado no meu blog do UOl em: 13/08/2009.

Lei antifumo

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Em matéria do Jornal da Cidade de Bauru (07.08.09), o presidente da OAB de São Paulo questiona a constitucionalidade da Lei Estadual nº13541, que proíbe o fumo em locais públicos: “Independente da condição de ser fumante ou não, o fumo inegavelmente é um mal. Como também é a bebida e tantas outras atividades e sequer sobre elas se legisla”, define. (citação no JC) A opinião acima (de alguém da área do direito) mostra que leis têm aspectos subjetivos e geram interpretações divergentes. Mas reflitamos. Ora, diferentemente de outros males (comer fritura em excesso, por exemplo), o cigarro afeta a saúde DO OUTRO, e não só de quem fez a opção por ele. O álcool afeta quem bebe e dirige, por isso se legisla sobre dirigir alcoolizado. Quem bebe e comete violência pode ser punido pelo Código Penal. Claro que o mundo seria perfeito se todas as pessoas tivessem consciência a respeito de cigarro, bebida, drogas em geral, etc. O cigarro afeta diretamente a saúde alheia. Já sofri muito com o fumo pa

Brasil!!!!!!!!!!

Da Folha de São Paulo (09 de abril de 2009): Senadores gastam média de R$ 6.000 mensais em celular Conta da Casa em 2008 foi de R$ 8,6 mi; congressistas não têm limite de uso O Senado gastou R$ 8,6 milhões com pagamento de contas de telefones celulares no ano passado, de acordo com dados do Siga Brasil (sistema de acompanhamento dos gastos de orçamento da Casa). Em média, o gasto por congressista foi de ao menos R$ 6.126 mensais, numa conta conservadora. (...) A Folha consultou as operadoras TIM e Vivo, que prestam serviço ao Senado, para saber quanto um cliente pessoa física pode falar ao celular gastando R$ 6.000 por mês. Pelo melhor plano, é possível usar o aparelho por 11 horas diárias por 30 dias em ligações no Distrito Federal. Naturalmente, o volume é apenas para fins de comparação, já que não faria sentido um senador só fazer ligações locais.” Etc. Etc. Quanto você, leitor, pode gastar por mês com seu celular? Quantos brasileiros dispõem de R$ 6.000,00 reais mensais para gastar

Flying

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Visita ao Museu Asas de um Sonho em São Carlos, em 2007. Apaixonei-me por este avião! Quando visitei o Museu da Aviação em São Carlos, em 2007, apaixonei-me por esta aeronave da foto. Foi a primeira projetada e construída por uma mulher, num tempo em que se pensava que os talentos do sexo feminino se resumiam à culinária e aos cuidados com o lar. Este modelo foi produzido em 1939 e importado pelo Brasil. Voou pouco: seu proprietário Joaquim Bicudo Ferraz solicitou o cancelamento da matrícula, por temer eventual requisição pelo governo para uso militar, em plena Segunda Guerra Mundial. O avião permaneceu desmontado por mais de 40 anos, até ser encontrado em um hangar em Itu, SP, quando foi incorporado ao museu – curiosamente, em troca de uma motocicleta (há outras histórias pitorescas no acervo). A história desse avião, por um lado, confirma o estereótipo da criatividade e jogo de cintura femininos (a mulher, com poucos ingredientes, economiza e ainda faz um belo almoço...), já que ele

Revolutionary Road

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Foi apenas um sonho e algo mais... Kate e Leo não vieram apenas para serem os mocinhos. Merecidamente, ela leva o Oscar por The Reader. Poderia também ser por Revolutionary Road. Em 1998, a química entre Kate Winslet e Leonardo DiCaprio rendeu um encanto especial às telas de cinema. Foram 11 Oscars para Titanic, visto e revisto incansavelmente pelos fãs apaixonados (eu fazia parte desse grupo). Num curso de extensão em antropologia, na Unesp, redigi um trabalho (com seriedade, juro) sobre o “fenômeno Leo DiCaprio”. Eu só queria pensar no filme, muito mais no romance do que no navio que naufragava. Pensar nas emoções, intenções e intensidades, entender as metáforas. Queria viver o filme, mas sem naufragar. Atire a primeira pedra quem nunca desejou o melhor dos lados. Assistir a Revolutionary Road, inevitavelmente, traz um revival de Titanic. E, de repente, uma indagação sombria: se Jack sobrevivesse, teriam ele e Rose se tornado um típico casal americano ao modo de Frank e April Wheele

Fortaleza Digital

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Fortaleza Digital De Dan Brown, autor de O Código Da Vinci. Dan Bressan, valeu a dica, amigão!!! Um dia, eu cismei que queria ter os poderes de Trinity . Meu amigo Danilo disse que, se eu gostei de Matrix , iria gostar de Fortaleza Digital . Então, eu li. Entre aulas, estudos, trabalhos e afins, fui lendo nos intervalos. Como é gostoso aquele tipo de leitura que faz você querer voltar logo ao livro para saber o que vai acontecer! Não sei como Hollywood ainda não descobriu o Fortaleza Digital. Renderia ótimas cenas de ação. E romance, claro (o que o cinema, evidentemente, exploraria). Nos dois casos ( Matrix e Fortaleza ), há algumas facilitações. Algumas, no livro de Dan Brown, incomodaram-me bastante. Fui corretora de vestibular por vários anos e, seguindo os critérios de correção de redação, seria obrigada a tirar pontos de coerência do autor por algumas passagens. Tá, o cara escreveu um livro grande e eu nasci com o gene “cri-cri”. Mas sabe quando o vilão acerta a bala em todo mund

Vírgula, e...

Um amigo me perguntou quando se usava vírgula antes de “e”. Pergunta boa, mostra que ele desconfia das generalizações do tipo “nunca use vírgula antes de e”. Vírgula não é sinônimo de pausa, mas, como numa melodia, o “compasso” da frase pode abrir a possibilidade para uma vírgula optativa. Outras vezes, a pausa parece ser uma certeza, mas alguma regra de norma padrão barra o uso da vírgula (ex. entre sujeito e predicado). Quanto ao “e”, várias possibilidades podem surgir conforme a produção textual. Rascunhei uma delas para o meu amigo, do jeito que me veio à cabeça: Aquela praia me fazia relembrar a infância, cujo gosto era de morangos frescos, e me obrigava a recordar o olhar severo de minha avó. Nesse caso, a vírgula que precede o “e” é exigida por uma oração intercalada. A “informação” principal do período é: “Aquela praia me fazia relembrar a infância e me obrigava a recordar o olhar severo de minha avó” (duas aditivas, na classificação tradicional). No meio, uma outra frase “qual

O Curioso Caso de Benjamin Button

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Brad Pitt e Cate Blanchett estrelam o longa dirigido por David Fincher Uma metáfora sobre o tempo, os desencontros, as mazelas humanas (“todos terminamos de fraldas”). Nascer e envelhecer é triste. Desenvelhecer, além de triste, é atípico, causa estranhamento. Carrega-se o fardo dos diferentes. Mas igual, quem é? Tudo é efêmero, tal qual sucesso de bailarina. Parábola entremeada por fatos históricos. Como em Forrest Gump, a diferença traz um quê de inocência. Postado no meu blog do UOL em: 19/01/09

Las Nubes

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Ao lado da racionalidade, sempre tive um lado romântico. A primeira vez que assisti a Caminhando nas Nuvens (A Walk in the Clouds), amei. O filme e o Keanu. Gostei de tudo, do cavalheirismo, do amor incondicional, das plantações de uva, do humor bem dosado, da bela fotografia. Só não gostei de uma coisa: do incêndio. Eu queria tudo perfeito, sem tragédias. Hoje, assistindo ao DVD, tive uma outra visão. Tá vendo como a maturidade traz novas perspectivas? O incêndio era necessário. E, além do mais, foi menos um símbolo de tragédia do que de recomeço. E salvou o orgulho do menino órfão de raízes, que, a partir de então, poderia ajudar a reconstruir Las Nubes com seus próprios braços. Nisso, eu não mudei: ainda gosto de pensar que a história continua depois que o filme acaba. Ontem, Ronaldo e eu vimos O dia em que a Terra parou . Depois, brinquei com meu amore que eu tinha visto um ET e ele me disse: “não era um ET, era um plantador de uvas!”. Se as histórias continuam depois que o filme t

Pra ser sincera...

“... eu não espero de você mais do que educação; beijo sem paixão; crime sem castigo, aperto de mãos” (Engenheiros do Hawaii, composição de Humberto Gessinger e Augusto Licks) Às vezes, ao falar ou escrever, quando me vem o ímpeto de usar a expressão “pra ser sincera”, lembro-me de um comentário que faz pairar um fantasma. Walter Longo, conselheiro de Roberto Justus no programa O Aprendiz, da Record (acho que foi em O Aprendiz 5 – O sócio) criticou um dos candidatos demitidos na temida sala de reunião devido ao uso da expressão “sendo sincero” ou variantes como “posso ser sincero?”. O conselheiro disse algo mais ou menos como: “olha, quando você diz isso, dá impressão que não está sendo sincero nos outros momentos”. Crítica justa? Não sei. Não me lembro do contexto todo, tampouco sei que grau de credibilidade o candidato em questão (de cujo nome também não me lembro) inspirava. Evidentemente, critérios subjetivos fazem parte da avaliação sobre se uma pessoa é verdadeira, autêntica, etc

Ano novo, novas regras ortográficas

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Fato 1 = O que muitas manchetes alarmistas chamam de "reforma da língua portuguesa" trata-se de "reforma ortográfica". Ou seja, a língua não vai mudar de uma hora para outra (ao mesmo tempo, vai continuar se renovando a cada dia). O que mudam são alguns tópicos localizados de ortografia. Fato 2 = Na opinião de alguns, a reforma é uma maravilha, vai tornar as obras em língua portuguesa e a cultura dos países envolvidos mais conhecidas e valorizadas. Na de outros, é um desastre, vai confundir a cabeça dos falantes e dos aprendizes. Nas duas posições, há uma boa dose de exagero. Fato 3 = Continuará havendo controvérsias, como sempre houve. Aurélio grafa dona-de-casa, com hífen. Houaiss dona de casa, sem hífen. Questões de interpretação. Outras reformas já houve. Outras virão. Nunca será possível empacotar as regras ortográficas num envelope lógico. Fato 4 = A falta de exatidão permanece (porque língua não é ciência exata MESMO). Um exemplo: segundo a nova regra, di

Novos desafios...

Cumpri minha principal meta de 2008! Defendi minha tese de doutorado na manhã do dia 19 de dezembro, na Unicamp. A banca foi instigante e me propôs questionamentos desafiadores. É isso o que enriquece, amadurece. Todo o ciclo foi uma experiência incrível, que acrescentou muito à minha vida. Terminei 2008 feliz, confiante, determinada. Meus sonhos nunca terminam: realizam-se ou transformam-se, e recomeçam! E vem 2009! Ano em que, simultaneamente ao meu trabalho como jornalista, retorno à amada carreira de professora. Que eu estude, trabalhe, dance, ame, viaje, recomece, blogue, aprenda mais. Não seguirá aqui uma lista de promessas, mas toda a ação que couber no poema. Desejo a todos saúde e disposição para lutar pelo que quer, e que seja pelo bem. Postado no meu blog do UOL em: 01/01/09

Breve nota pelo dia da criança

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Para mim, há uma impropriedade semântica no slogan “ Criança não trabalha, criança dá trabalho ”. O início está corretíssimo. Criança não tem que trabalhar, tem que brincar, dar risada, desenvolver a criatividade. Quando cresce um pouquinho, além disso, tem que estudar (bastante!), o que não deixa de ser um “trabalho”, ou seja, o estudo é o trabalho adequado a uma certa faixa etária. Também merece ter acesso a esportes, música, atividades culturais, para ir descobrindo do que gosta, com o que tem afinidade. Mas acho que a criança que não trabalha (não submetida à exploração infantil) não é necessariamente uma “criança que dá trabalho”. Pode até dar o trabalho “normal” que qualquer criança daria (criança é mesmo para ser cuidada e quem é responsável por uma criança sabe que precisa dedicar energia a ela). Mas dá muito mais prazer, alegria, gratificação. Quero dizer, uma criança bem-cuidada, que tem suas necessidades satisfeitas, que não é podada, mas aprende os limites e, acima de tudo,

Notícias de uma doutoranda

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(Original escrito em 03/08/08) Alguns amigos me perguntam o porquê da ausência no blog. Não é intencional, mas sintoma de uma tentativa de concluir uma etapa importante de minha vida. É hora de ser firme no propósito de terminar meu doutorado até o fim deste ano. Fechar um ciclo para que outros possam se iniciar. Pesquisar é um prazer e uma paixão – se não fosse, não seria uma escolha. Mas também é árduo. Também é inquietante. Dá vontade de parar e escrever no blog, e dançar, e ver um filme, e comer um bombom, e ligar para uma amiga. Não que eu não faça tudo isso. Mas é momento de fazer mais tese do que tudo isso. Para depois poder fazer mais tudo isso do que tese. É hora de ter foco. De um pouquinho de silêncio. Porque é possível, quando há um objetivo, mesmo para quem ama o movimento e o barulhinho bom. Aproveito para registrar que estive na Unicamp na última sexta, feriado em Bauru. Eu estava com muita saudade de lá... Desde que acabaram minhas aulas (resta a tese) e trabalho em

Desafio musical

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Sue Ellen me passou este desafio: Responder às perguntas SOMENTE com TÍTULOS de canções de uma banda/grupo/cantor escolhido por mim. Aí vai! Banda escolhida: The Beatles! - Você é Homem ou Mulher? Another girl - Descreva-se: I’ll follow the sun (às vezes, The fool on the hill ) - O que as pessoas acham de você? I’m happy just to dance with you (ops! Talvez seja I am the walrus ) - Descreva sua atual relação com seu namorado ou pretendente: It´s only love - Onde queria estar agora? Magical mystery tour - O que pensa a respeito do amor? Do you want to know a secret? - Como é sua vida? Flying - O que pediria se pudesse ter apenas um desejo? Love me do - Escreva uma frase sábia: All you need is love Bacana a brincadeira, não? Então, estejam todos convidados a participar aqui pelo blog! Escolha seu(s) músico(s) preferido(s)! Aproveito para confessar minha Beatlepaixão . Postado do meu blog do UOL: 26/06/08

Ensaio sobre a cegueira

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Mark Ruffalo e Julianne Moore em cena de Ensaio sobre a Cegueira (Blindness), Fox Filmes. Direção de Fernando Meirelles. Ensaio sobre a Cegueira José Saramago, vencedor do Prêmio Nobel Cega o Primeiro Cego, atrapalhando o trânsito. Ao volante, parado no semáforo, a última imagem que vê é a luz vermelha do farol. Cega o médico oftalmologista que assistiu o Primeiro Cego. Cega o Ladrão, aquele que, sob o pretexto de ajudar, roubou o carro do Primeiro Cego. Cegam a rapariga dos óculos escuros, o rapazinho estrábico, o velho da venda preta, a empregada do consultório médico, a mulher do Primeiro Cego. Para que nomes? São todos eles, simplesmente, “os cegos”. A cegueira é branca, repentina, sem sintomas, sem indícios. Parece ser contagiosa. Cegueira pega? “A morte também não se pega, e apesar disso todos morremos”. Por precaução, o governo isola o grupo de cegos, numa tentativa de controlar a epidemia. Onde? Não à toa, um manicômio serve de morada para o grupo de cegos. O exército vigia, at

Poema

Muitos amigos já conhecem. Mas segue aí um poema que escrevi em agosto de 2000. Ainda gosto dele. Quem sabe, um dia, ainda me dedique à literatura... Nascimento do Poema Acordei no meio da noite Com vontade de comer bolo formigueiro (aquele de granulado) E de compor um poema. Coceira. Formiga. Inspiração. O bolo só pode ser desejo do meu filho, O poema. (...) Poemas parecem mesmo bebês: Adoram a madrugada Nascem de uma dor singela Nascem de uma alegria dolorida A dor emociona e dilacera. O chamado surge no meio do sono, Dentro do sonho. A poesia nasce de um jeito de ver o mundo. Do desejo de viver o mundo. Palavras nascem inocentes E pecam sem querer pecar São perfumadas as palavras São feridas as palavras e ferem sem querer ferir. Incompletas, em construção. Palavras, fonte de desentendimento Assim, calei meus amigos. Calei a mim mesma. Rasguei as palavras. Picotei-as. Desmontei-as. Re-co-lei-as, cicatrizadas. Ilusões quebradas. Cacos de palavras. Pedaços remontados. Meu Lego infanti

VIVER... Apesar de. Além de!

Por quê? Por que nascemos para amar, se vamos morrer? Por que morrer, se amamos? Por que falta sentido Ao sentido de viver, amar, morrer? (Drummond) Esses versos de Drummond abrigam a essência dos mais profundos questionamentos humanos. Lembro-me de ter associado essas palavras do poeta ao que diz Clarice Lispector em seu belo “Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres” – livro em que a autora subverte a pontuação, iniciando-o com uma vírgula e terminando-o com dois pontos: a história é como a vida, não termina nem começa nos limites de um livro. Ulisses, o personagem-filósofo de “Uma aprendizagem...”, parece ter um “rascunho de resposta” para os questionamentos de Drummond: "Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida."

Direito de escolha

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Gosto muito dos livros de Maitena (Mulheres Alteradas, Superadas, Curvas Perigosas). Um dos motivos é que a autora traz à tona discursos que são cotidianamente silenciados. E o faz com muito bom humor. Raramente, encontram-se, nos espaços mais convencionais, discursos como estes sobre a amamentação: Do livro “Mulheres Alteradas 5”, Maitena, Ed. Rocco. Trechos dos quadros “Aquelas coisas que ninguém te avisa na hora de você dar de mamar ao bebê”. Por razões óbvias, tais discursos são apagados nas campanhas em prol da amamentação. Pertencem à região do interdito (aquilo que não se pode dizer). Mas não é “só” o discurso oposto que a obra de Maitena põe em circulação. Ela não nega nem exclui aqueles que são socialmente valorizados (o amor de mãe, a plenitude de se ter um filho, etc.). Nos quadros da autora, vários discursos convivem e, assim, explicitam a complexidade da realidade, que é muito mais rica e conflitante do que a visão maniqueísta quer fazer parecer. É comum alguém s

Ethos de “sabichão”

Circulou na internet um texto sobre “homens” cuja autoria é atribuída a Arnaldo Jabor. Seja ele ou não o autor (tenho dúvidas), o fato é que o escrito representa um ponto de vista a respeito dos gêneros masculino e feminino. Ou seja, como qualquer discurso, está vinculado a um posicionamento ideológico , o que implica uma conclusão óbvia: não se trata de uma “verdade”. Mas o texto (como qualquer outro que se pretende convincente sem compromisso teórico) trabalha a sua posição como “a” verdade. O enunciador, previamente, já se armou contra quem discordasse dele: são as mulheres que se iludem. Ele constrói uma imagem de si como a de quem “sabe-tudo”, utilizando marcas, em seu discurso, de suposta “cientificidade”. Mas é só ler com atenção para ver que o texto não se sustenta. Exemplos: “E digo com segurança: o que escrevo aqui se aplica a 99,9% dos homens baianos e brasileiros (sem medo de errar).” A diferenciação entre brasileiros e baianos é só uma piadinha (alguém riu?). Já o dado es

Três queixas

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Coisa errada existe Há algum tempo, Possenti escreveu o artigo “A leitura errada existe”. Deu polêmica. Numa época em que o papel ativo do leitor é valorizado, é preciso coragem para dizer que, sim, a interpretação X pode não ser cabível para o texto Y (o que não significa que Y possa ser interpretado de uma só forma). Mas nem é de linguagem que vou falar hoje. É da vida em geral, mesmo. (Só me lembrei do texto por causa do título) Se eu tivesse de responder, numa enquete (como as das brincadeiras de infância), quais as três coisas de que menos gosto, minha resposta seria bem concreta: Poluição. Falta de seta no trânsito. Cabeção de ‘atrasadinho’ no cinema. Explico-me. Há mil coisas no mundo das quais podemos não gostar. A lista pode variar conforme a situação ou o humor do dia. Em geral, não gostamos dos substantivos abstratos. Observe as entrevistas com artistas: não gostam de mentira, falsidade, inveja... Eu também não gosto. Mas quem nunca cometeu um desses pecados imateriais, que

Intuição

Poderia escrever um texto sobre as qualidades femininas para exaltar a mulher, falar da beleza, da leveza, da maternidade, do sexto sentido. Ou poderia redigir um protesto, demonstrando a indignação por saber que, ainda hoje, em certos meios, a violência física contra a mulher é fato tão corriqueiro*. Mas vou aproveitar esse Dia Internacional da Mulher para dizer algo sobre um outro tipo de violência, mais sutil, a tirania do estereótipo. Mulheres são doces e frágeis. Mulheres são pouco práticas, mas versáteis. Mulheres sonham com o Príncipe Encantado. Mulheres não têm boa noção de espaço, portanto, dirigem mal. São exageradas, angustiadas e neuróticas. Nasceram para ser mães. Fazem tempestades em copo d’água. Nem verdades, nem mentiras: estereótipos que, de tão repetidos, circunscreveram-se historicamente. Estereótipos poderosos e, às vezes, difíceis de desafiar. Tão bem mostrados nas charges de Maitena. Bourdieu, no livro “A Dominação Masculina”, lembra que a distinção biológica entr

Ethos Discursivo

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Com alegria, compartilho o lançamento do livro ETHOS DISCURSIVO , pela Editora Contexto, organizado por Ana Raquel Motta e Luciana Salgado. Nele, a intrigante questão do ethos (associado ao tom do discurso, aos traços de caráter que o interlocutor constrói, não necessariamente verdadeiros) é tratada por meio da análise de diversos tipos de discursos (político, artístico, jornalístico, autobiográfico etc.). São autores: Ana Raquel Motta; Luciana Salgado; Anna Flora Brunelli; Dominique Maingueneau; Edvania Gomes da Silva; Érica Scadelai; Érika de Moraes; Fabiana Miqueletti; Fernanda Mussalim; Graziela Zanin Kronka; Jauranice Rodrigues Cavalcanti, Jonas de Araújo Romualdo; José Luiz Fiorin, Marcela Franco Fossey; Márcio Antônio Gatti; Nilson Cândido Ferreira; Norma Discini; Sírio Possenti. O capítulo de minha autoria, PAIXÃO PAGU – O ETHOS EM UMA AUTOBIOGRAFIA , trata da construção da imagem de si mesma desta que foi uma importante e controversa personalidade do modernismo brasileiro. Uma

Flexionar ou não, eis a questão

Este é um ponto que costuma gerar dúvidas na hora da escrita: deve-se ou não flexionar um verbo no infinitivo? Não é em vão que essa dúvida é tão comum. Veja o que diz a gramática de Cunha e Cintra: O emprego das formas flexionada e não flexionada do INFINITIVO é uma das questões mais controvertidas da sintaxe portuguesa. [...] Por tudo isso, parece-nos mais acertado falar não de regras, mas de tendências que se observam no emprego de uma e de outra forma no INFINITIVO. (Cunha e Cintra, p. 499) Os autores apresentam as tendências e, ao final, concluem: Trata-se, pois, de um emprego seletivo, mais do terreno da estilística do que, propriamente, da gramática. (Cunha e Cintra, p. 504) Dificilmente haverá, portanto, uma resposta definitiva, em termos de certo ou errado, para a flexão (ou não) do infinitivo. O que não impede que, caso a caso, determinada forma soe melhor por questões de estilo. [P.S. Tampouco a visão que opõe gramática e estilística é definitiva! Ver observação do Prof. Sír