Poema
Muitos amigos já conhecem. Mas segue aí um poema que escrevi em agosto de 2000. Ainda gosto dele. Quem sabe, um dia, ainda me dedique à literatura...
Nascimento do Poema
Acordei no meio da noite
Com vontade de comer bolo formigueiro
(aquele de granulado)
E de compor um poema.
Coceira. Formiga. Inspiração.
O bolo só pode ser desejo do meu filho,
O poema. (...)
Poemas parecem mesmo bebês:
Adoram a madrugada
Nascem de uma dor singela
Nascem de uma alegria dolorida
A dor emociona e dilacera.
O chamado surge no meio do sono,
Dentro do sonho.
A poesia nasce de um jeito de ver o mundo.
Do desejo de viver o mundo.
Palavras nascem inocentes
E pecam sem querer pecar
São perfumadas as palavras
São feridas as palavras
e ferem sem querer ferir.
Incompletas, em construção.
Palavras, fonte de desentendimento
Assim, calei meus amigos.
Calei a mim mesma.
Rasguei as palavras.
Picotei-as. Desmontei-as.
Re-co-lei-as, cicatrizadas.
Ilusões quebradas.
Cacos de palavras. Pedaços remontados.
Meu Lego infantil.
Minha punição: a greve de palavras.
Abster-se?
Eu, diluída. Eu, dilacerada.
Sinto-me desnutrida
Porque fiquei sem palavras.
Nelas, nas palavras, estão as substâncias de que preciso
Para viver.
Eu, matéria dispersa.
Pensamentos fluidos, desconexos.
Abster-me das palavras?
Porque há palavras erradas...
Porque há palavras inexatas...
Porque há palavras imprecisas...
Não há palavras certas, exatas e precisas.
Como pareço com as palavras!
Elas são imperfeitas, imaturas,
Incompletas, em construção.
Silêncio, avesso das palavras
Silêncio, introspecção, reflexão sublime.
Só o silêncio diz mais do que as palavras.
Só o silêncio dói mais do que as palavras.
(...)
Tire-me meus sonhos,
E faça-me pequena, destituída de existência.
Prive-me das palavras, se quer matar minha alma.
Érika de Moraes.
Nascimento do Poema
Acordei no meio da noite
Com vontade de comer bolo formigueiro
(aquele de granulado)
E de compor um poema.
Coceira. Formiga. Inspiração.
O bolo só pode ser desejo do meu filho,
O poema. (...)
Poemas parecem mesmo bebês:
Adoram a madrugada
Nascem de uma dor singela
Nascem de uma alegria dolorida
A dor emociona e dilacera.
O chamado surge no meio do sono,
Dentro do sonho.
A poesia nasce de um jeito de ver o mundo.
Do desejo de viver o mundo.
Palavras nascem inocentes
E pecam sem querer pecar
São perfumadas as palavras
São feridas as palavras
e ferem sem querer ferir.
Incompletas, em construção.
Palavras, fonte de desentendimento
Assim, calei meus amigos.
Calei a mim mesma.
Rasguei as palavras.
Picotei-as. Desmontei-as.
Re-co-lei-as, cicatrizadas.
Ilusões quebradas.
Cacos de palavras. Pedaços remontados.
Meu Lego infantil.
Minha punição: a greve de palavras.
Abster-se?
Eu, diluída. Eu, dilacerada.
Sinto-me desnutrida
Porque fiquei sem palavras.
Nelas, nas palavras, estão as substâncias de que preciso
Para viver.
Eu, matéria dispersa.
Pensamentos fluidos, desconexos.
Abster-me das palavras?
Porque há palavras erradas...
Porque há palavras inexatas...
Porque há palavras imprecisas...
Não há palavras certas, exatas e precisas.
Como pareço com as palavras!
Elas são imperfeitas, imaturas,
Incompletas, em construção.
Silêncio, avesso das palavras
Silêncio, introspecção, reflexão sublime.
Só o silêncio diz mais do que as palavras.
Só o silêncio dói mais do que as palavras.
(...)
Tire-me meus sonhos,
E faça-me pequena, destituída de existência.
Prive-me das palavras, se quer matar minha alma.
Érika de Moraes.
Comentário recebido:
ResponderExcluirO único comentário que posso fazer sobre o texto é: fantástico. Se eu já era fã incondicional da pessoa Érika e da professora Érika, confesso-me, também, da poetisa. Parbéns, amiga.
Glauco | barlebem@gmail.com | 26/05/2008 07:13