Dia em que entrevistei Marcos Pontes

Soube no finzinho da noite que o astronauta brasileiro daria uma entrevista coletiva na Prefeitura Municipal de Bauru, na manhã seguinte, e apareci por lá com a mesma curiosidade da menina que, aos 8 anos, subiu ao gabinete para conhecer o prefeito.

Como, na época, eu era redatora da revista todateen, entrevistei-o com perguntas mais voltadas ao público adolescente e ofereci a materinha para o site da tt (tentei achar para linkar aqui, mas, como é de 2007 e o site mudou bastante de lá para cá, não sei se está mais disponível).

Jornalista é assim... não só segue pautas, mas também as propõe.

Segue abaixo a minha entrevista *exclusiva* com nosso carismático astronauta.


                                   gravador de fita... #memóriaderepórter



Entrevista com o astronauta brasileiro Marcos César Pontes

Por Érika de Moraes

Bauru, 19/01/2007.

Uma pessoa que foi para o espaço é alguém que acredita em seus sonhos. Que mensagem passaria para jovens leitores e leitoras?
Acreditar! Acreditar no que existe dentro da pessoa. Ouvir as coisas boas que os outros falam pra gente e não dar ouvidos às coisas ruins. Tem muita gente que tenta colocar limites. Chega pra você e diz exatamente aquilo que ele ou ela acha que você não é capaz de fazer. Mas isso é sempre a opinião de outra pessoa. A única pessoa que pode colocar ou tirar os limites da gente somos nós mesmos. Ou seja, não deixar esse negócio se perder: acreditar, persistir e se consegue chegar lá!

Se uma garota quiser se tornar astronauta, que caminho ela deve seguir?
Continuar estudando, estudar é o principal. Pode cursar qualquer tipo de Universidade na área de exatas ou biológicas. Dar atenção para a parte operacional, a parte física, ficar longe de qualquer coisa como drogas, cigarro, bebida, cuidar da saúde. Se possível, fazer um curso de pilotagem, um curso de mergulho, coisas desse tipo. Ficar mais ligada à área operacional, ficar bem de saúde e adquirir conhecimentos científicos. Porque, basicamente, o astronauta é um tripulante que gosta de ciência.

Você acha que, com o tempo, as viagens espaciais devem se tornar mais acessíveis às mulheres?
Sim! Na verdade, a gente já tem várias mulheres nesse grupo e a tendência é aumentar cada vez mais. A participação da mulher é extremamente importante. O ponto de vista feminino, as habilidades femininas... Existem muitas tarefas em que a mulher é melhor do que o homem. Então, a gente precisa ter essa mesclagem.

Mulheres encontram dificuldades diferentes dos homens numa viagem espacial?
Encontram algumas dificuldades diferentes, sim. Nesse estágio atual das viagens, principalmente com relação à higiene pessoal, que é mais difícil pra mulher. Mas, em todo caso, isso é completamente superado. Todas as minhas amigas astronautas nunca tiveram problema nenhum, elas superam e estão lá. Inclusive a que está lá agora na estação espacial, a Sany, é da minha turma.

Já aconteceu algum mico com você, alguma história engraçada pra contar pra nossa leitora?
Já... Por exemplo, eu já tive um voo de uma duração um pouco maior, um voo da força aérea, e tivemos que pousar, porque o pessoal todo tinha tomado café da manhã e devia ter algo estragado. Íamos fazer um tiro aéreo em Porto Alegre. No meio da missão, a esquadrilha teve que se reunir e pedir pra voltar e ir ao banheiro. Teve quem conseguiu chegar e teve quem não conseguiu. Eu fui um dos que conseguiram, felizmente.

Uma dica de livro: 
Tem um livro que não é muito conhecido do público, um livro da seicho no ie, o autor é Masaharu Taniguchi e se chama O livro dos Jovens. É um livro simples, gostoso de ler e que é extremamente interessante para jovens.

Uma dica de filme: O Céu de Outubro. (October Sky, 1999)

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