Saussure e lutas de sentidos

Dialogando com meus alunos...


Dando continuidade ao estudo de Saussure (“Curso de Linguística Geral”), vamos refletir sobre a “luta de sentidos” que atravessa a constituição da linguagem. (vejam p. 21 do texto em discussão)

No entendimento de Saussure, o “ato individual” é embrião da linguagem e, além dele, está o “fato social” onde haveria “uma espécie de meio-termo”: os mesmos signos unidos aos mesmos conceitos. Nisso, dá-se uma “cristalização social” – sobre a qual diz Saussure: “Pois é bem provável que todos não tomem parte do mesmo modo”.

Disso, podemos pensar que há uma RELAÇÃO DE FORÇAS no estabelecimento de sentidos que ganharão o status de “oficial” na sociedade. (Esse tema será sofisticado nas teorias discursivas posteriores a Saussure).

Pensando na divisão proposta por Saussure “Língua/Fala” (Langue/Parole), a língua seria como um “tesouro depositado pela prática da fala em todos os indivíduos pertencentes à mesma comunidade”. MAS HÁ LUTA DE FORÇAS NO ESTABELECIMENTO DE SENTIDOS!

Podemos pensar nesses conceitos em torno da própria crise do coronavírus que vivenciamos na atualidade – e sem dúvidas marcará a história deste século. Qual sentido tem a pandemia na sociedade? Quais impactos são ressaltados por diferentes setores da sociedade?

Poderíamos, ainda, pensar na luta de sentidos atribuídos ao termo “Educação”. O que é educar? Formação humanística? Treinamento para mercado de trabalho? Capacitação? (vejam, por exemplo, publicidade de escolas, cursos EaD, treinamentos etc.)

PROPONHO que reflitam sobre essas questões e escrevam um pequeno comentário ou resenha. Guardem no caderno para futuros debates e acréscimos. 

Alternativamente, deixo a proposta aqui no blog LIQUIMIX, onde vocês podem me deixar um comentário sobre o tema. É uma alternativa para interagirmos nesse momento de trabalho remoto. (Este é um canal informal - a participação é voluntária e não obrigatória. Mas quem sabe possa ser um lugar criativo de encontro... )

Ainda sobre esta página específica de Saussure a que me refiro, gostaria de fazer um alerta sobre o parágrafo:

“A parte psíquica não entra tampouco em jogo (...) é sempre individual e dela o indivíduo é sempre senhor”.

Esta concepção do indivíduo como “senhor de sua fala” será revogada pelas teorias posteriores. A teoria do discurso reconhecerá a influência de posições ideológicas e inconscientes. É importante entender que essa ruptura com Saussure é respeitosa: compreende-se que foi preciso o impulso inicial de Saussure para firmar a teoria linguística. Passo extremamente importante para o avanço da Linguística.

Boas leituras! Bom trabalho!

Profa. Érika 


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