Jornalismo em Universidades Públicas do Chile
1. Universidad de
Playa Ancha – UPLA – Valparaíso, Chile (http://www.upla.cl/).
A reunião acadêmica com o professor César Pacheco, que representou o corpo docente do curso de Jornalismo da UPLA, ocorreu fora da universidade, visto que esta se encontra em estado de greve e ocupada pelos estudantes, que reivindicam especialmente a gratuidade no ensino público. No Chile, os estudantes pagam mensalidades, mesmo nas universidades públicas e, segundo relato do professor César Pacheco, os valores são muito próximos aos das universidades privadas. Este é, portanto, o principal aspecto que diferencia as reivindicações dos universitários chilenos em relação aos de outros países da América do Sul, como Brasil e Argentina, já que estes países contam com a gratuidade do ensino e pautam suas reivindicações especialmente em políticas de permanência estudantil.
Observemos que, durante a grande crise econômica da Argentina do ano 2000 (que inclui o "megaconfisco bancário" de dezembro de 2001), protestos de universitários argentinos foram o principal motivo da queda do ministro da economia Ricardo López Murphy, que tinha a intenção de implantar um custo para os alunos de universidades públicas, em uma sociedade já empobrecida pelo desalinhamento econômico. (sobre a economia argentina, o capítulo "A Esquizofrênica economia" do livro Os Argentinos, de Ariel Palacios, é bastante esclarecedor).
Em reunião com professor César Pacheco, da UPLA
Fui recebida pela professora Anamaría Egaña Barahona, Jefa de Carrera da Escuela de Periodismo da Universidad de Santiago. Como já estávamos em contato por e-mail há algum tempo, ela havia me enviado a grade curricular do curso de jornalismo e, a partir da grade, agendamos reuniões com alguns professores do corpo docente.
Reunião com professor Raúl Bendezú, que ministra "Gestión y Empresa de la Comunicación"
* Realizei visitas técnicas em universidades chilenas durante o mês de julho de 2013, quando também tive oportunidade de conhecer um pouco da cultura do país.
A reunião acadêmica com o professor César Pacheco, que representou o corpo docente do curso de Jornalismo da UPLA, ocorreu fora da universidade, visto que esta se encontra em estado de greve e ocupada pelos estudantes, que reivindicam especialmente a gratuidade no ensino público. No Chile, os estudantes pagam mensalidades, mesmo nas universidades públicas e, segundo relato do professor César Pacheco, os valores são muito próximos aos das universidades privadas. Este é, portanto, o principal aspecto que diferencia as reivindicações dos universitários chilenos em relação aos de outros países da América do Sul, como Brasil e Argentina, já que estes países contam com a gratuidade do ensino e pautam suas reivindicações especialmente em políticas de permanência estudantil.
Observemos que, durante a grande crise econômica da Argentina do ano 2000 (que inclui o "megaconfisco bancário" de dezembro de 2001), protestos de universitários argentinos foram o principal motivo da queda do ministro da economia Ricardo López Murphy, que tinha a intenção de implantar um custo para os alunos de universidades públicas, em uma sociedade já empobrecida pelo desalinhamento econômico. (sobre a economia argentina, o capítulo "A Esquizofrênica economia" do livro Os Argentinos, de Ariel Palacios, é bastante esclarecedor).
Tendo em vista o momento político, o debate com o professor girou em torno do tema jornalismo, e também sobre a educação como um todo e os movimentos estudantis no
Chile.
2. Universidad de Santiago de Chile - Usach, Santiago, Chile (http://www.udesantiago.cl/)
A segunda universidade pública que visitamos foi a Universidad de Santiago de Chile.
A segunda universidade pública que visitamos foi a Universidad de Santiago de Chile.
Fui recebida pela professora Anamaría Egaña Barahona, Jefa de Carrera da Escuela de Periodismo da Universidad de Santiago. Como já estávamos em contato por e-mail há algum tempo, ela havia me enviado a grade curricular do curso de jornalismo e, a partir da grade, agendamos reuniões com alguns professores do corpo docente.
Reunião com Professor Roberto Poblete, de "Técnicas de
la Expresión Oral", em Universidad de Santiago de Chile
Interessei-me por
saber mais sobre a disciplina ministrada pelo professor Poblete, pois não temos em nossos currículos de
jornalismo. De modo geral, trabalhamos um pouco sobre expressão nas disciplinas que envolvem o
audiovisual, porém as universidades chilenas dão um foco mais específico a esse
aspecto.
Observo que a formação do professor Poblete é
bastante apropriada para o foco na expressão, já que ele é ator (aliás,
consagrado no Chile, com peça de teatro em cartaz e participação em
telenovelas).
O professor nos relatou que trabalha com técnicas laboratoriais de jogos e ficção, incluindo musicalização de notícias. Teoricamente, acredita que o jornalismo se deva assumir como um tipo de ficção; afinal, não nos expressamos diante de uma câmera da mesma forma como em outras situações, ou, como poderia dizer de um ponto de vista discursivo, como em outras "cenografias".
O professor nos relatou que trabalha com técnicas laboratoriais de jogos e ficção, incluindo musicalização de notícias. Teoricamente, acredita que o jornalismo se deva assumir como um tipo de ficção; afinal, não nos expressamos diante de uma câmera da mesma forma como em outras situações, ou, como poderia dizer de um ponto de vista discursivo, como em outras "cenografias".
O debate foi bastante produtivo também no
sentido de enfatizar o quanto o respaldo teórico é importante, mesmo em uma
disciplina bastante prática.
Professor Poblete mencionou que um dos aspectos que
justifica a importância dessa disciplina nos currículos de jornalismo do Chile
é que o povo chileno é tipicamente mais tímido e a disciplina ajudaria a
adquirir mais desenvoltura para a profissão, que necessita tanto de bagagem
crítica e cultural quanto de uma postura ativa. Concordamos com o professor e
acreditamos que, embora o povo brasileiro seja estereotipicamente conhecido
como mais desinibido, uma disciplina como esta pode vir a contribuir também para com a formação do jornalista brasileiro.
Reunião com professor Raúl Bendezú, que ministra "Gestión y Empresa de la Comunicación"
Professor Raúl Bendezú defende que os
estudantes da universidade pública sejam críticos em relação às grandes
empresas jornalísticas e, inclusive, empreendam seus próprios negócios. O docente contou que divide com seus alunos sua experiência anterior
como empreendedor (embora hoje se dedique à universidade) e os orienta também,
do ponto de vista prático, sobre como montar uma empresa. Seus alunos fazem um
trabalho prático e vão a campo aprender os passos formais e legais para abrir
uma empresa; buscando entender sobre a legislação chilena, registros de
patentes, impostos internos etc.
Este professor também atua diretamente em discussões sobre
reforma curricular e nos declarou que a Universidad de Santiago, como
universidade pública, tem muito claro seu papel de proporcionar uma formação
crítica.
Conversou conosco, ainda, sobre a centralização de propriedade midiática e o
consequente efeito do que chamam de “farandulização”, fenômeno que tem relação com o
sensacionalismo. Nesse contexto, a universidade se preocupa em como fazer uma
estratégia de comunicação: colocar-se a serviço das grandes empresas ou
recuperar as expectativas sociais? Como se constroem as diferentes expectativas
sociais? A opção da universidade pública é, portanto, enfrentar essa realidade social que
se apresenta com muita contradição. Para esta discussão, o professor se baseia
em Bauman e na sociologia da experiência.
Observo que a Universidad de Santiago também se encontra em
situação de greve estudantil. Os estudantes haviam ocupado a universidade,
porém, na ocasião de nossa visita, a entrada na universidade estava permitida.
* Realizei visitas técnicas em universidades chilenas durante o mês de julho de 2013, quando também tive oportunidade de conhecer um pouco da cultura do país.
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