CRÔNICA - Filhos da Pátria
Meus alunos do curso de Jornalismo (Unesp) produziram belas crônicas para a aula de Técnica Redacional II, cada um com seu lirismo e estilo.
Pedi autorização deles para divulgar aqui no blog e, assim, guardá-las também como lembrança.
Vamos começar com a da estudante Amanda de Assis Araújo, que deu voz ao nosso Pai-Filho-País.
Profa. Érika
PS: outras turmas também produziram ótimos textos. Agora, veio a ideia de mostrar por aqui, em vez de guardar para "algum dia montar um livro".
Pedi autorização deles para divulgar aqui no blog e, assim, guardá-las também como lembrança.
Vamos começar com a da estudante Amanda de Assis Araújo, que deu voz ao nosso Pai-Filho-País.
Profa. Érika
PS: outras turmas também produziram ótimos textos. Agora, veio a ideia de mostrar por aqui, em vez de guardar para "algum dia montar um livro".
Filhos
da Pátria
por Amanda de Assis Araújo
por Amanda de Assis Araújo
Cada
dia vivo com inúmeros problemas de saúde: sejam eles econômicos, sociais ou
políticos e, infelizmente, sempre preciso de outras pessoas para resolvê-los
por mim. Atualmente, meu maior problema está na área da política, porque sofro
com corrupção, desvio de verbas, falta de governabilidade e as pessoas
escolhidas para resolverem esses problemas para mim não estão dando conta. Uma
delas tem o título de Presidente da República Federativa do Brasil e é
considerada minha maior cuidadora, mas não a única, como a maioria das pessoas
imaginam. E, no caso, Brasil sou eu.
Estou
passando por um novo e, ao mesmo tempo, velho problema: o mesmo que ocorreu em
1992, mas com motivos e dimensões diferentes. Naquele ano, ocorreu o
impeachment, aquele negócio todo complicado que procura tirar um dos meus
filhos da Pátria do poder, o Presidente, que nessa época era o Fernando Collor.
Esse impeachment foi motivado, entre outros fatores, pelo fato de que Collor estava confiscando o
saldo das poupanças bancárias de toda a minha população, com o argumento de acabar com a
inflação, além de muitos outros problemas que estavam ocorrendo na época. Não
concordei com nada disso e, mesmo assim, não tinha o que eu fazer. Porque foi
esse mesmo povo que escolheu esse Presidente para tomar conta de mim.
Agora
estou enfrentando novos problemas. Dilma Rousseff foi escolhida para ser a
pessoa que possui o cargo mais importante no que diz respeito a cuidar de mim,
o Brasil. O povo foi lá, votou, ela ganhou pela segunda vez e, agora, a maioria
está infeliz e quer fazer esse tal de impeachment de novo. Mas o que as pessoas
não entendem é que a dimensão do que está acontecendo comigo hoje é totalmente
diferente do que aconteceu em 1992. Estou vivendo uma fase em que meu problema
não está só com minha maior cuidadora, a Presidente, e sim com inúmeras outras
pessoas que também cuidam de mim, em graus diferentes da Dilma e que também
foram escolhidas para os papéis que estão representando.
Para
esse novo impeachment, que pode ou não acontecer, os motivos são: imperícia,
negligência, imprudência, pedaladas fiscais, omissão sobre alguns assuntos da
Petrobrás. E eu estou ficando cada vez mais confuso e irritado com tudo isso.
As pessoas não percebem que a Presidente não é a única que não está sabendo cuidar
direito de mim e que outros indivíduos fazem parte desses problemas que tenho
diariamente, inclusive os que somente me habitam e não possuem uma função de
governar.
Tudo
isso me faz refletir: será que todos os meus problemas podem ser curados apenas
com a saída da Presidente? Ou será que todos que foram eleitos para serem responsáveis
pela minha saúde deveriam sair e começaríamos tudo de novo com pessoas novas?
Ou, talvez, será que eu cuido melhor de mim mesmo sem a ajuda deles?
Muito orgulho de você, Amanda! !!!
ResponderExcluir