CRÔNICA - O ano em que avistamos uma nova primavera
Crônica politizada da minha aluna Gabriella Soares dos Santos (Jornalismo / Unesp) sobre o louco ano de 2015.
Profa. Érika
O ano em que avistamos uma nova primavera
Profa. Érika
O ano em que avistamos uma nova primavera
por Gabriella Soares dos Santos
Analisando as principais
manchetes dos jornais de 2015, consigo observar que esse foi um ano dramático e
que ficará marcado para todos, seja pelos seus momentos positivos, seja pelos
negativos. Nesse sentido – e admito de início: assumo aqui uma postura positiva
–, é impossível não perceber que esse ano significou um marco para os mais
diversos movimentos e as mais diversas causas ao redor do mundo.
Vimos atentados
terroristas abalarem os pilares da democracia ocidental ao mesmo tempo em que
testemunhamos o maior movimento migratório desde a Segunda Guerra Mundial com
suas trágicas consequências. Vimos a corrupção em sua forma mais clara, junto
com o mar de lama que dela se originou, destruir fauna, flora e vidas.
Observamos e sofremos com a violência policial, que, de tão frequente, se tornou impossível de ser ignorada, seja contra negros
nos Estados Unidos ou contra professores e alunos no Brasil. Nesse ano, vimos
um pouco de tudo.
Entretanto, foi também
em 2015 que presenciamos uma nova primavera dos povos, como muitos colocaram.
Mulheres, homossexuais, negros, trabalhadores, cidadãos: todos eles tomaram as
ruas e promoveram ações para defender seus direitos assim como aquilo em que
acreditam. A população tomou as ruas em São Paulo contra o aumento das tarifas
de transporte; no Paraná, os professores lutam pelos seus direitos
trabalhistas, enquanto no Chile são os alunos que tomam as ruas pela educação;
as mulheres são firmes e constantes ao reivindicarem seus direitos individuais,
políticos e sociais em todo o mundo e em Nova York vemos a questão negra voltar
a ser central.
O sentimento que
prevalece após esses acontecimentos é a esperança de que essa nova Primavera
tenha um caráter muito mais duradouro do que suas antecessoras. Que as demandas
expressas no ano passado não sejam colocadas em prática de forma tão efêmera e
descompromissada como ocorreu nas revoluções liberais de 1848. Também é um
desejo que vejamos resultados mais animadores do que aqueles que a maioria dos
países que participaram da primavera árabe podem observar atualmente, seja no
contexto político, social ou dos próprios direitos humanos. O melhor fruto que
pode vir do protagonismo dos movimentos sociais nesse último ano é a
possibilidade de não termos como voltar atrás, é a possibilidade de não
retrocedermos; é o maior desejo de qualquer um que esteja lutando ou que saiba
valorizar a luta por uma sociedade verdadeiramente democrática.
Quero acreditar que a
única opção lógica que nos resta é seguirmos em frente. Não vejo como uma
alternativa fecharmos os olhos, não agora que eles foram abertos, escancarados,
mesmo nos momentos e para aqueles que não desejavam. Ignorar a violência
policial não é mais a única opção, pelo contrário. Se os acontecimentos no
Paraná, em São Paulo, no Rio de Janeiro e nos Estados Unidos nos ensinaram
alguma coisa é que o silêncio não é mais viável, ou pelo menos não deveria ser.
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